O globo, n. 30123, 27/01/2016. Rio, p. 15

Casos de dengue crescem 97,5% no estado

Gabriela Lapagesse

No acumulado de 1 º a 25 de janeiro, houve 3.954 notificações de dengue no Estado do Rio, o que representa um aumento de 97,5% dos casos em uma semana, uma média de 158 por dia. Pelo balanço anterior da Secretaria estadual de Saúde foram feitas 2.002 notificações de 1 º a 18 de janeiro. Segundo o órgão, nos primeiros 25 dias de janeiro o número de casos subiu 53,01% em relação ao mesmo período do ano passado ( 2.584 registros). Não houve mortes este mês.

Ao longo de 2015, foram registrados 69.516 casos suspeitos de dengue no estado, com 23 óbitos: Barra Mansa ( 1), Campos dos Goytacazes ( 4), Itatiaia ( 1), Miracema ( 1), Paraty ( 2), Piraí ( 1), Porto Real ( 2), Quatis ( 1), Resende ( 8), Volta Redonda ( 1) e Rio de Janeiro ( 1).

Na capital, o total de notificações este ano chega a 593 ( 22,94% dos registros no estado em 2016). O bairro com o maior número de ocorrências até o momento é a Barra da Tijuca, com 26 casos informados nas duas primeiras semanas do ano. Nos últimos dias, não houve confirmação de novos doentes na região. Em seguida, aparecem Complexo do Alemão ( 22 casos), Guaratiba ( 21), Bangu ( 20), Realengo ( 19), Recreio dos Bandeirantes ( 17), Rocha Miranda ( 16), Jacarepaguá ( 15), Penha e Brás de Pina ( com 11casos, cada). A Secretaria municipal de Saúde não conseguiu identificar os bairros onde ocorreram outros 20 casos.

Os sintomas da dengue aparecem entre o terceiro e o 15 º dia, após a vítima ser picada. A dengue hemorrágica, forma mais grave da doença, pode matar. Os sintomas nesse caso são o aparecimento de manchas vermelhas na pele, sangramentos ( principalmente pelo nariz e nas gengivas), dor abdominal intensa e contínua e vômitos persistentes, que podem levar à morte em 24 horas. Em alguns casos, o paciente pode ter insuficiência circulatória e morrer em até um dia. Para evitar focos em casa, a população deve colaborar, não deixando água acumulada em objetos como potes, pneus e vasos de planta. As caixas de água também devem ser mantidas tampadas.

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Para especialista, ‘ o pior ainda está por vir’

Presidente da Sociedade de Infectologia do Estado do Rio, Alberto Chebabo já classifica como grave o quadro de infestação do Aedes aegypti e, segundo ele, a incidência de dengue na população fluminense tende a aumentar ainda mais. Para ele, o pior ainda está por vir.

— A tendência é que esse quadro piore ainda mais em março e abr il. Estamos no início do período de maior incidência da doença. D e agora em diante, é pouco provável que se consiga evitar um aumento grande do número de casos — afirma Chebabo.

Segundo o infectologista, o clima nas últimas semanas também tem sido favorável à proliferação do mosquito, devido à umidade e ao calor:

— Neste primeiro mês do ano choveu bastante. Esta semana, já está muito calor novamente. Com esse clima, a tendência é aumentar a infestação. Com a chuva, aumenta o número de focos do mosquito, que bota seus ovos em água parada. Quando vem o calor, favorece a reprodução dele. É provável que nas próximas semanas ocorra um aumento ainda maior nos casos de dengue, e também nos de zika.

 

SOFRIMENTO ATÉ MAIO

Para o infectologista Celso Ramos Filho, do Hospital Universitário Clementino Fraga Filho, da Universidade Federal do Rio de Janeiro, a tendência de aumento de casos pode prosseguir até maio.

— Enquanto tivermos altas temperaturas, o número de casos deve aumentar. A partir de maio, normalmente o clima vai ficando mais fresco, e a infestação do mosquito diminui — afirma Fraga.

Celso Ramos Filho acrescenta que o aumento de quase 100% nas notificações de dengue no Estado do Rio em apenas uma semana não o surpreende:

— Todo verão a gente vai ter aumento dos casos, em relação ao inverno. O vírus circula no Rio de Janeiro e dificilmente isso mudará, pois são quatro tipos que provocam a dengue. A população suscetível ainda é elevada. Um indivíduo pode ter a doença, ficar imune a um tipo do vírus e acabar contraindo outro forma de dengue.

Na avaliação do especialista, o clima mais ameno das últimas duas semanas não foi o suficiente para reduzir a proliferação do mosquito, que se reproduz preferencialmente em ambientes com temperatura entre 28 e 32 graus.