O Estado de São Paulo, n. 44649, 15/01/2016. Economia, p. B1

BANCO DO BRASIL DEVE AMPLIAR LINHAS DE CRÉDITO AGRÍCOLA EM R$ 10 BILHÕES

Modelo. Reforço nos financiamentos será possível porque banco foi liberado de depositar no BC os recursos da poupança que não foram emprestados em 2015, como era a regra; medida está inserida nos planos do governo de elevar crédito sem novos subsídios
Por: Murilo Rodrigues Alves / Lorenna Rodrigues

Murilo Rodrigues Alves

Lorenna Rodrigues / BRASÍLIA

 

O plano do ministro da Fazenda, Nelson Barbosa, de ampliar o crédito sem conceder novos subsídios começará a ser colocado em prática pelo Banco do Brasil. O banco vai destinar mais R$ 10 bilhões para o financiamento agrícola, a juros mais baixos, sem a necessidade de ajuda do Tesouro Nacional.  Isso será possível porque a instituição foi dispensada de guardar uma parte da poupança rural no Banco Central. O Banco do Brasil é o único dos grandes bancos que capta recursos da poupança rural – os outros bancos só captam poupança para financiamento imobiliário.

Por isso, precisa seguir a determinação de desembolsar 74% desses recursos em operações ao produtor rural. Quando não cumpre a exigência, é preciso depositar o dinheiro não emprestado no Banco Central, que remunera pela taxa básica de juros, a Selic.  No último dia de 2015, uma resolução do Conselho Monetário Nacional (CMN)permitiu a liberação de cerca de R$  12 bilhões do banco, que estão no BC, para que fossem aplicados a taxas de mercado, não necessariamente em operações rurais.

O ganho dessas aplicações – estimado em R$ 815 milhões por ano – será usado para cobrir os subsídios dados aos produtores rurais, sem necessidade de aporte do Tesouro para equalizaras taxas.Com isso,a estimativa é que seja possível oferecer pelo menos mais R$ 10 bilhões aos produtores rurais.

Foi o próprio BB que apresentou a “engenharia financeira” ao ministro da Fazenda, que aprovou a estratégia. Ele orientou que modelo semelhante seja usado em outras operações de crédito direcionado, incluindo financiamentos imobiliário se aportes para infraestrutura, além de operações do BNDES com recursos do Fundo de Amparo ao Trabalhador(FAT).

Nesta semana, a presidente da Caixa, Miriam Belchior, se reuniu duas vezes com Barbosa.  Ontem,o ministro se encontrou com o presidente do BNDES, Luciano Coutinho, em São Paulo, e com representantes dos bancos privados.

O governo ainda estuda formas de melhorar as garantias dadas pelos tomadores de empréstimo ao contratar um financiamento, como forma de impulsionar o crédito nos bancos privados. As garantias mais robustas reduzem os custos dos bancos em caso de inadimplência, o que possibilita que aumentem o volume emprestado.

 

Campo

65% é a participação do Banco do Brasil no crédito rural no País

74% dos depósitos na poupança rural têm de ser usados em operação de crédito rural

R$ 3,4 bi foi o quanto fechou no vermelho a poupança rural em 2015