Título: Pior tombo desde 2008
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Fonte: Correio Braziliense, 01/10/2011, Economia, p. B15

O Ibovespa, índice que mede o desempenho das principais ações da Bolsa de Valores de São Paulo, seguiu o pessimismo dos mercados europeu e norte-americano e fechou o dia em queda de 1,99%. A bolsa norte-americana Dow Jones despencou um pouco mais, 2,16%. O principal índice das ações europeias caiu 1,6%. Como o Ibovespa, fechou o trimestre com a pior performance desde o final de 2008, com queda acumulada de 17,3%. O tombo da bolsa paulista de julho a setembro foi de 16,15%. O temor é o de que a economia global esteja estagnada, reforçado por dados fracos da indústria chinesa. O desempenho também foi afetado por preocupações com a crise de dívida na zona do euro e do receio de um calote da Grécia, que poderia levar ao fim da União Europeia.

O índice de montadoras de automóveis e o de mineradoras estiveram entre os de pior desempenho ontem, com baixas de 4,6% e 2 %, respectivamente. Esses setores também tiveram a pior performance ao longo do trimestre. No entender de Marcio Cardoso, diretor da Título Corretora, o cenário externo ruim e a desaceleração da economia interna provocaram a desconfiança dos investidores. "Não há dinheiro disponível para risco. A visão continuará pessimista até haver uma mudança real nos rumos da economia mundial", assinalou.

"Os fracos dados da indústria da China estão preocupando o mercado", disse o diretor-geral da SVM Asset Management, Colin McLean, acrescentando que, qualquer revisão para baixo no crescimento chinês, vai atingir as ações de mineradoras, uma vez que os estoques vão crescer e adicionar pressão sobre os preços. "Temos uma posição baixa em mineradoras há mais de um ano, cortamos a participação de importantes empresas do setor em nossa carteira desde julho e não estamos mudando nossa posição", acrescentou.

A preocupação quanto à China teve origem na divulgação do índice HSBC do setor industrial ¿que prevê as condições das empresas antes dos dados oficiais de produção¿ que ficou em 49,9 em setembro, mesma leitura de agosto. Números abaixo de 50 indicam contração na atividade manufatureira. Trata-se da maior série negativa desde a crise financeira de 2008, quando o índice ficou oito meses seguidos abaixo de 50. O receio é de que a segunda maior economia do mundo perca força e prejudique a recuperação econômica global.