O Estado de São Paulo, n. 44.686, 21/02/2016. Política, p. A5

Mensagens reforçam suspeitas sobre imóveis

‘Projeto da cozinha do chefe está pronto’, escreveu executivo da OAS; investigadores consideram se tratar da relação de Lula com sítio e tríplex

Por: Ricardo Brandt / Fausto Macedo

 

Mensagens trocadas pelo WhatsApp entre o empreiteiro Léo Pinheiro, da OAS, e o executivo da empresa Paulo Gordilho reforçam suspeitas de ligação do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e de sua mulher, Marisa Letícia, com o sítio Santa Bárbara, em Atibaia, no interior de São Paulo, e com o tríplex no condomínio Solaris, no Guarujá, litoral do Estado.

A informação foi revelada pela revista Veja em sua edição deste fim de semana e confirmada pelo Estado com autoridades da Operação Lava Jato. Os textos, de fevereiro de 2014, indicam que Gordilho e Léo Pinheiro, este ainda na presidência da OAS, estavam empenhados em concluir um projeto de instalação de cozinha que, na avaliação dos investigadores, seria a do sítio Santa Bárbara, em Atibaia, e também a do apartamento no litoral - ambas propriedades atribuídas ao petista e sua família, o que é negado pelos advogados dele.

“O projeto da cozinha do chefe está pronto. Se (puder) marcar com a Madame pode ser a hora que quiser”, escreveu Gordilho. “Amanhã às 19 hs vou confirmar, seria bom tb ver se o do Guarujá está pronto”, respondeu Léo Pinheiro. “O do Guarujá está pronto”, devolveu Gordilho. “Em princípio, amanhã às 19 hs”, anotou Léo Pinheiro.

Segundo a revista, os investigadores consideram que “chefe” é uma referência a Lula e “Madame” uma citação a Marisa Letícia. Estas e outras mensagens foram resgatadas pela Operação Lava Jato em dois aparelhos celulares do empreiteiro.

 

Preso. Léo Pinheiro foi preso pela Polícia Federal em novembro de 2014, na Operação Juízo Final, etapa da Lava Jato que pegou alguns dos maiores construtores do País como integrantes de um cartel que se apossou de contratos bilionários da Petrobrás entre 2004 e 2014. O empreiteiro foi condenado a 16 anos e quatro meses de reclusão por corrupção ativa e lavagem de dinheiro.

A força-tarefa da Lava Jato e também o Ministério Público de São Paulo suspeitam que a OAS, junto com outras empreiteiras, bancou reformas do tríplex 164-A do Solaris e do sítio Santa Bárbara. Depoimentos de engenheiros que trabalharam nos dois locais indicam que Marisa Letícia queria celeridade nas obras.

Em outras mensagens, Gordilho pergunta a Léo Pinheiro se a reunião estava confirmada. “Vamos sair a que horas?”. “O Fábio ligou desmarcando. Em princípio será às 14 hs na segunda. Estou vendo, pois vou para Uruguai”, respondeu ele. Segundo a Veja, os investigadores supõem que Fábio é Fábio Luís, o Lulinha, filho mais velho do ex-presidente.

Em nota, o Instituto Lula disse que o petista jamais ocultou patrimônio e que “nunca desrespeitou a lei, antes, durante ou depois de governar o País.”

 

Cozinha

“O projeto da cozinha do chefe está pronto. Se (puder) marcar com a Madame pode ser a hora que quiser”

TRECHO DE CONVERSA EM MENSAGEM PELO CELULAR TROCADA ENTRE O EXECUTIVO PAULO GORDILHO E O EMPREITEIRO LÉO PINHEIRO, DA OAS

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PT quer ver Delcídio fora de comissão

Por: Erich Decat

 

Informados de que o senador Delcídio do Amaral (suspenso pelo PT) pretende retomar as  atividades parlamentares amanhã, lideranças do PT no Senado vão pressioná-lo para que ele deixe o comando da Comissão de Assuntos Econômicos (CAE) da Casa. O colegiado é responsável pelos principais temas de interesse do governo em questões econômicas.

Segundo relatos, Delcídio informou ao secretário-geral do Senado, Luiz Fernando Bandeira, que pretende voltar às atividades na comissão já na sessão prevista para terça-feira. Durante o período em que ficou preso, as atividades na comissão foram comandadas pelo vice-presidente Raimundo Lira (PMDB-PB). A conversa entre o petista e o secretário-geral do Senado teria ocorrido poucas horas depois de o petista ter sido solto na noite de sexta-feira.

Na avaliação de integrantes da bancada do PT, Delcídio não tem mais condições políticas de conduzir o colegiado e sua permanência na presidência é considerada como constrangimento tanto para o partido quanto para os correligionários na Casa. Dias antes de o senador ser solto, o líder da legenda, senador Humberto Costa (PE), com apoio de parte da bancada, já havia apresentado um requerimento na comissão para substituir Delcídio pela senadora Gleisi Hoffmann (PR). Para evitar desgaste, Humberto deve procurar Delcídio amanhã em busca de um acordo. Delcídio foi liberado após decisão do ministro do STF Teori Zavascki.

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