O globo, n. 30.147, 20/02/2016. País, p. 5

Processo de Cunha é adiado de novo no Conselho de Ética

Pedido de vista ocorreu após leitura de relatório que sugere a continuidade de ação no colegiado

- BRASÍLIA- O deputado Marcos Rogério ( PDT- RO) leu ontem no Conselho de Ética seu novo relatório pela continuidade do processo de cassação contra o presidente da Câmara, Eduardo Cunha ( PMDB- RJ), mas um pedido de vista ( prazo para análise do processo) adiou novamente a decisão. O colegiado deverá se reunir na próxima semana para decidir se acompanha o parecer. Cunha disse que ainda haverá “muita confusão” no conselho porque seus direitos não estariam sendo respeitados.

Cunha também sofreu uma derrota no Supremo Tribunal Federal ( STF). O ministro Luís Roberto Barroso negou liminar ao presidente da Câmara. O deputado queria que o processo contra ele fosse suspenso até que a Comissão de Constituição e Justiça ( CCJ) analisasse um recurso seu.

O Conselho já aprovou em 15 de dezembro do ano passado, por 11 votos a 9, outro parecer de Rogério pela admissibilidade do processo. O 1 º vice- presidente da Casa, Waldir Maranhão ( PPMA), porém, anulou a decisão, argumentando que deveria ter sido aberto novo prazo de vista, uma vez que Rogério chegou ao cargo após a destituição de Fausto Pinato ( PRB- SP) da relatoria.

Cunha responde pela acusação de ter mentido à CPI da Petrobras, ao negar ter contas no exterior. Ele já foi denunciado ao Supremo Tribunal Federal ( STF) pela acusação de receber propina de contratos da estatal. Em seu novo texto, Rogério incluiu aditivos feitos pelo PSOL, que tratam da existência de outras contas no exterior que seriam de Cunha, além de contradições sobre reuniões na casa dele com o lobista Fernando Soares. Rogério frisou que só considerou os fatos apontados a serem investigados, sem avançar no mérito.

O pedido de vistas foi formulado pelo deputado Wellington Roberto ( PR- PB), aliado de Cunha. Ele também pediu que o presidente do Conselho, José Carlos Araújo ( PSD- BA), seja declarado impedido de comandar o processo. Araújo, por sua vez, deve impetrar hoje mandado de segurança no STF para tentar derrubar a decisão de Maranhão que anulou a votação anterior. ( Colaborou Manoel Ventura, estagiário sob a supervisão de Paulo Celso Pereira)