O Estado de São Paulo, n. 44.688, 27/02/2016. Metrópole, p. A18

Ação contra ‘Aedes’ visita 61% das casas e pode ser estendida

Mutirão nacional já teve fim adiado no mês passado; teste rápido para diferenciar zika, dengue e chikungunya fica para março

Por: Lígia Formenti

 

O governo federal, mesmo com apoio de Estados e Municípios, dificilmente atingirá a meta de visitar todos os imóveis do País até o dia 29 em busca de criadouros do mosquito Aedes aegypti, transmissor de dengue, zika e chikungunya.

Balanço divulgado ontem mostra que, a três dias do prazo, equipes de agentes comunitários de saúde, agentes de endemias e integrantes das Forças Armadas visitaram o equivalente a 61,8% do que havia sido previsto.

Até agora, foram inspecionados 41,5 milhões de domicílios e prédios públicos, comerciais e industriais. Mesmo assim, o número foi comemorado pelo Ministério da Saúde, por ser bem maior do que o do balanço anterior, que era de 27,4 milhões.

Apesar do aumento do ritmo, os dados indicam que o prazo para o cumprimento da meta deverá ser prorrogado pela segunda vez. Em janeiro, diante do descumprimento do objetivo, o governo já adiou para o fim de fevereiro o prazo para visitação de todas casas, imóveis e terrenos do País em busca de criadouros do mosquito.

Semana passada, ao ser questiona dose a meta não era muito ambiciosa, o ministro da Saúde, Marcelo Castro, evitou polemizar.

“Fizemos aquilo que teria de ser feito.” Os dados mais recentes mostram que Minas Gerais foi o Estado, em números absolutos, que fez o maior número de visitas: 7,2 milhões de imóveis foram vasculhados. Em seguida vêm São Paulo, com 6,2 milhões, Rio, com 3,7 milhões, e Bahia, com o registro 3,6 milhões de visitas.

Durante as visitas, foi identificado 1,3 milhão de imóveis com focos do mosquito, o equivalente a 3,3% do total de visitados.O ideal é que focos sejam encontrados em menos de 1% dos imóveis visitados.

 

Testes rápidos. Outra meta que deve atrasar é a de entrega aos Estados do teste único para detectar e diferenciar os vírus de zika, dengue e chikungunya. Marcelo Castro afirmou ontem que o exame “3 em 1” ficou para março. Em meados de janeiro, ele havia prometido a entrega para este mês. O “3 em 1” foi desenvolvido pela Fiocruz do Rio e do Paraná.

“Há compromisso do instituto para começar a entregar já agora no fim de fevereiro. Em março, muito provavelmente, quase com toda a certeza, contando com esse compromisso da Fiocruz conosco, já vamos fazer o teste trinitário. Se o médico tiver dúvida, já colhe o sangue e três horas depois tem o resultado”, disse Castro, que esteve ontem em São Paulo para visitar as instalações do Hospital Santa Catarina, na zona sul da capital.

Atualmente, há um exame para cada tipo de vírus transmitido pelo mosquito Aedes aegypti. No caso do zika, porém, há registros em que a detecção é feita somente por exclusão (quando não há rastro de chikungunya nem dengue).

 

Dengue e repelente. Questionado sobre os atrasos na entrega de kits para detectar a dengue nos Estados, Castro afirmou que a reclamação que chegou a ele é de que os testes não vieram “na medida do que foi pedido”. “O Ministério da Saúde não está dando tudo que pedem.

Está distribuindo de acordo com a necessidade e com a previsão de estar sempre distribuindo.” Ele afirmou ainda que os repelentes prometidos às gestantes no cadastro do Bolsa Família serão distribuídos “em breve”. E reafirmou que o custo será de R$ 300 milhões./COLABOROU LUIZ FERNANDO TOLEDO

_______________________________________________________________________________________________________

Secretário municipal quer acelerar entrada à força

Por: Lígia Formenti

 

O secretário municipal de Saúde de São Paulo, Alexandre Padilha, disse que quer acelerar o processo de entrada forçada em terrenos, casas e prédios desabitados ou abandonados para a visita de agentes de combate à dengue. Atualmente o procedimento nestes locais é o de envio de carta e espera da aceitação do proprietário em até 48 horas.

Padilha solicitou à Procuradoria- Geral do Município um “estudo” para acelerar o processo, permitindo que a visita possa ser feita após publicação do aviso ao proprietário no Diário Oficial da Cidade. “Hoje solicitamos para a subprefeitura o nome, CPF, RG e endereço do proprietário, mas geralmente vem uma lista com vários endereços.

Alguns proprietários estão cadastrados em 20, 25 imóveis”, disse. “Todo o processo de regulamentação inicial foi pautado em não invadir o domicílio.

Mas a tese que apresentei é a de que terrenos abandonados não são domicílios.” A regra que permite a entrada forçada está prevista em um decreto publicado em dezembro.

A medida extrema é uma das apostas da Prefeitura para tentar frear o avanço do mosquito Aedes aegypti, sobretudo na zona leste, onde começaram a ser usados nesta semana drones para mapeamento de criadouros.

No caso de domicílios ocupados e cujos moradores se recusarem a abrir as portas, os agentes da Prefeitura fazem a notificação, pessoalmente ou por meio de carta registrada, e o munícipe tem 48 horas para entrar em contato com a vigilância sanitária local para agendar a visita.

Caso não responda ou se negue a marcar a inspeção, a vigilância sanitária faz um relatório, alegando situação de iminente de perigo à saúde pública.

 

Tentativas. Já no caso de imóveis ocupados, mas fechados no momento da visita, a regra é que os agentes façam três tentativas de visita, em dias e horários diferentes, antes de emitir a notificação. / L.F.T.

 

Medida provisória

Desde o dia 1º vigora a MP 712, que autoriza a entrada à força de agentes de saúde em casas. Nesta semana, o Ministério Público de Pernambuco pediu às cidades em surto para forçarem entrada