Título: Limites às manifestações
Autor: Decat, Erich
Fonte: Correio Braziliense, 02/10/2011, Política, p. 6

Tradicional palco de manifestações populares, o gramado em frente ao Congresso Nacional é um dos pontos mais vigiados de Brasília. De dentro de uma sala no subsolo do Anexo II do Senado, todos os movimentos são acompanhados por câmeras. O diretor da Secretaria de Polícia do Senado, Pedro Ricardo Araujo, no posto há seis anos, é o responsável por intervir em qualquer ação considerada de risco para o Congresso.

Entra nesse quesito o simples ato de fincar vassouras ou cruzes no gramado. "Não pode fincar nada. Se quiserem, que coloquem depois da Rua das Bandeiras. Ali não é mais nossa jurisdição", ressalta Araujo. O diretor defende a ação dos funcionários e diz que a ordem de retirada dos artefatos está de acordo com ato de 2001, que veda a edificação de construções móveis, colocação de tapumes, arquibancadas, palanques, tendas ou similares, no gramado considerado área de segurança nacional. Se o protesto incluir faixas, ainda que não seja fincada, a proibição, mesmo não prevista em lei, também faz parte da cartilha de Araujo: "Se for ofensiva, tiramos. Melhor, não aceitamos nem apreço nem desapreço".

O aparato de segurança inclui cones instalados em frente ao espelho d"água. A linha imaginária formada pelos objetos serve de limite para manifestações. "Não se pode confundir liberdade com libertinagem. Se vierem, vai ter confronto", alerta Araujo. Entre os aparatos dos policiais estão armas de fogo, utilizadas normalmente em escolta dos senadores, e de choque. Essas são usadas em ações no interior do Senado ou em confronto com manifestantes.

Se externamente a vigilância é constante, a "segurança" na parte de dentro inclui a aproximação de programas satíricos. "CQC, Pânico, Legendários, Casseta e Planeta não têm acesso. Eles não fazem jornalismo, por isso não recebem nem credenciamento", justificou Araujo. Segundo ele, passam pelos corredores do Congresso cerca de 10 mil pessoas por dias. A média de ocorrência por ano é de 1.600. A principal delas, por furto de pequenos objetos.