O globo, n. 30144, 17/02/2016. País, p. 8

EUA E BRASIL FECHAM ACORDO PARA PESQUISAR MICROCEFALIA

Por: Renata Mariz

 
RENATA MARIZ
renata.mariz@bsb.oglobo.com.br
 

- BRASÍLIA- Técnicos do Centro de Controle e Prevenção de Doenças Transmissíveis ( CDC) dos Estados Unidos iniciaram ontem, no Brasil, uma pesquisa sobre a microcefalia e sua relação com o vírus zika. O estudo, feito de forma conjunta com o Ministério da Saúde e com o governo da Paraíba, avaliará mulheres que tiveram bebês com e sem a malformação, de uma mesma região, para tentar entender as causas do subdesenvolvimento cerebral e estimar a proporção de recémnascidos com o problema. A previsão é que o trabalho de campo envolva 800 pacientes e leve cerca de 50 dias.

A medida foi apresentada pelo ministro da Saúde, Marcelo Castro, em encontro com 24 embaixadores dos países da União Europeia, em Brasília. Eles queriam obter informações sobre a epidemia de microcefalia e outras doenças associadas ao zika para remeterem aos seus países, especialmente às vésperas das Olimpíadas.

 

UNIÃO EUROPEIA INVESTIRÁ EM PESQUISA

O estudo em parceria com o CDC será feito na Paraíba, segundo estado brasileiro com o maior número de casos suspeitos de microcefalia: 756 — só atrás de Pernambuco, com 1.501 das 5.079 notificações registradas, segundo o último boletim do Ministério da Saúde.

Pesquisadores do CDC também participam de um estudo sobre Guillain- Barré, doença autoimune que ataca o sistema nervoso do corpo, causando paralisia, que vem sendo realizado na Bahia. A enfermidade foi relacionada ao zika. Além disso, o órgão norte- americano auxilia pesquisas da Fundação Oswaldo Cruz ( Fiocruz) de Pernambuco, na parte laboratorial, relacionadas ao vírus.

Após a reunião com Castro, a União Europeia anunciou que investirá 10 milhões de euros em pesquisas científicas sobre o vírus zika. Por meio de edital, previsto para março, instituições do mundo inteiro poderão apresentar propostas para receber financiamento. O objetivo principal, segundo José Gomes Cravinho, embaixador da União Europeia, é unificar estudos feitos de forma fragmentada no país. Com os recursos, disse, será possível formar consórcios internacionais para estudar o vírus.

Ao classificar o zika como um “fenômeno da globalização”, Cravinho minimizou um eventual impacto do zika na realização das Olimpíadas. Disse ter ficado satisfeito com as informações prestadas pelo governo brasileiro, frisando o caráter sazonal da infestação pelo Aedes aegypti, transmissor de vírus que causam zika, dengue e chicungunha:

— Tudo leva a crer que haverá uma diminuição do mosquito. Portanto, nossa expectativa é que as políticas públicas que estão sendo levadas a cabo pelo governo brasileiro tenham êxito e que os Jogos Olímpicos sejam um momento de espetacular sucesso, e que o zika seja uma memória apenas.