O globo, n. 30141, 14/02/2016. País, p. 8

Troca-troca partidário pode alcançar 10% dos deputados

Por: ISABEL BRAGA E MARIA LIMA

 

ISABEL BRAGA E MARIA LIMA

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A promulgação, prometida para a próxima quinta-feira, da emenda constitucional que cria a chamada “janela da infidelidade”, liberando o troca-troca partidário sem perda de mandato por 30 dias, vai provocar uma intensa movimentação no Congresso Nacional, assembleias legislativas e câmaras de vereadores. No caso dos deputados federais, eleitos há apenas um ano e meio, as estimativas no Congresso são de que cerca de 10%, ou seja, 50 deles, podem deixar suas legendas por outros partidos. Dirigentes das principais legendas acreditam que os recém-criados PMB e PROS podem ser os principais atingidos, mas admitem que as mudanças devem atingir muitos partidos — com perdas e ganhos.

De olho nas movimentações, várias legendas escalaram parlamentares para ficarem como responsáveis por tentar convencer deputados a engordarem suas bancadas na Câmara e evitar as debandadas. Há também uma preocupação em fortalecer as legendas para a disputa municipal deste ano. A oposição, certa de que poderá capitalizar a insatisfação de deputados de bancadas governistas diante da crise política, aposta no aumento de suas bancadas. O governo, por sua vez, acompanha atento as mudanças que poderão afetar sua base aliada e, segundo deputados, tem estimulado que a migração se dê para outros partidos aliados, especialmente o PDT e PSD.

Criado em 2015, o PMB (Partido da Mulher Brasileira) alcançou uma bancada de 20 deputados. Muitos deles se filiaram na nova legenda para não perder os mandatos com a troca, diante da demora na votação da PEC da janela. Mas, com a janela, estariam optando por legendas mais fortes.

— Quando entraram para o PMB, em momento algum os deputados falaram que iriam sair. Se saírem, não podemos fazer nada — afirma a presidente nacional da legenda, Suêd Aidar.

No PROS (Partido Republicano da Ordem Social), a debandada pode acontecer por...