Título: PSB, o aliado preferencial
Autor: Rothenburg, Denise
Fonte: Correio Braziliense, 08/10/2011, Política, p. 2/3

De olho na meta de eleger 500 prefeitos no ano que vem, PSD estabelece a aliança com os socialistas como prioritária. Estratégia é herdar tempo de tevê da legenda

O recém-criado PSD tem uma fórmula pronta para vencer o tempo de tevê escasso e a baixa arrecadação de fundo partidário ¿ obstáculos a toda legenda neófita. O partido de Gilberto Kassab driblará as dificuldades de braços dados com uma paixão antiga: o PSB. As engrenagens ativadas pelo partido no último dia de filiações com vista às eleições de 2012 mostram que o flerte com o PSB, apontado antes mesmo da criação do PSD, é a estratégia primeira dos pessedistas para ganhar corpo. Se no passado a fusão entre as duas siglas era a hipótese mais provável, o mote agora, pelo menos para o PSD, é se apoiar no aliado para manter os atuais 500 prefeitos.

Ontem, o PSD fechou o dia derradeiro para 2012 contando no elenco com dois governadores estaduais, cinco vice-governadores, dois senadores e 54 deputados federais. Daqui até o anúncio das candidaturas, em meados do ano que vem, a proximidade com os socialistas será intensificada. "Todo o projeto do partido passa pelo PSB, de Eduardo Campos. Queremos construir um caminho único para 2014 e 2018", projeta o presidente da Assembleia Legislativa de Santa Catarina, deputado Gelson Merísio (PSD). "Recebemos todo o apoio possível do PSB aqui no estado. Eles nos franquearam espaço para candidaturas municipais, cederam tempo de televisão para nossos candidatos. Temos uma grande dívida com o partido", diz o deputado estadual.

Legenda emergente, os socialistas têm a oferecer ao PSD algo imprescindível para dar qualquer passo em cenários eleitorais: tempo de tevê. Oriundo do DEM , Merísio afirma que a antiga legenda perdeu para a recém-criada todos os prefeitos e grande parte dos vice-prefeitos eleitos no estado em 2008. O desempenho se deve ao poder de atração do governador Raimundo Colombo, que encabeçou em Santa Catarina o movimento de migração para a nova legenda.

Êxodo Dos cerca de 500 prefeitos que entraram nos quadros do PSD, 56 são catarinenses, a maior parte vinda do DEM. "São políticos que foram em busca de uma nova proposta de partido, afinada com o governo federal, mas não subordinada a ele", acredita Merísio. "São também aqueles políticos que não conseguiram encontrar espaço dentro da própria legenda, ficaram isolados ou estão subrepresentados", pondera o deputado Reinhold Stephanes (PR), que deixa o PMDB. A saída do ex-ministro da Agricultura se deve ao fato de ele ter sido preterido na tentativa de voltar à pasta, no início do ano. Igualmente decepcionado com o PMDB, o deputado Átila Lins (AM) é outro nome a caminho do PSD.

O golpe decisivo para a saída de Lins foi a eleição para o Tribunal de Contas da União, quando ele obteve apenas 47 votos ¿ pouco mais da metade dos 80 votos da bancada peemedebista. "Aquilo foi uma grande decepção. Para mim, todos sorriam e falavam que me apoiariam na eleição", diz o deputado.