Correio Braziliense, n. 19260, 18/02/2016. Política, p. 6

PDT perde dois senadores

Julia Chaib

O PDT perdeu ontem dois senadores em uma tarde só. Filiado a legenda havia 11 anos, o ex-governador do Distrito Federal Cristovam Buarque anunciou ontem em plenário a mudança para o PPS, partido de oposição. Depois de mais de uma década na sigla, o senador Reguffe (DF) também entregou na tarde de ontem a carta de desfiliação ao PDT e ficará pelo menos um ano sem partido. Com as mudanças, o PDT fica com quatro representantes no Senado.

Durante a tarde, Cristovam passou mais de duas horas na tribuna do plenário anunciando a desfiliação e recebendo afagos de colegas, principalmente da oposição, pela mudança. “Creio que o PDT deixou de oferecer a possibilidade de lutar pelas transformações, pela imbricação com o governo atual, pela imbricação com um governo que, pior do que crise, está provocando uma decadência no rumo do Brasil para um progresso democrático, justo, eficiente”, disse o parlamentar. O senador não descarta disputar a Presidência da República em 2018 pelo novo partido, mas não confirmou se será o candidato, disse que isso será definido posteriormente.

Cristovam ingressou no PDT após deixar o PT, em 2005. Segundo ele, a motivação da troca desta vez é a mesma daquela época. “O PT perdeu o vigor transformador, e eu superei a tentação de desistir, e decidi ingressar em um novo partido”, disse. O senador lembrou da época em que foi ministro da Educação, ressaltou sua contribuição para a formulação do Bolsa Família, a atuação no DF e sua carreira acadêmica. Da tribuna, recebeu elogios de pelo menos 30 senadores.

Cristovam justificou a ida para o PPS, entre outros motivos, pela possibilidade de trabalhar com o presidente da legenda, Roberto Freire, de quem é amigo há mais de 20 anos. “O que me atrai hoje é a possibilidade que o ex-senador e atual deputado Freire oferece de, juntos, inclusive com a possibilidade de um Congresso extraordinário no próximo ano, trabalharmos um projeto claro e alternativo para o Brasil e um projeto claro e alternativo para um Partido que sirva ao novo Brasil desse novo tempo.”

Reguffe, por sua vez, estava na sigla havia 11 anos. “Respeito a decisão do partido de apoiar e ter cargos no governo, mas essa não é a minha posição. Entrei na política por um ideal, para lutar pelo que acredito que seja melhor para o país, não por cargos ou benesses. Meu compromisso é com o meu eleitor.” O senador não anunciou a filiação a nenhum outro partido. “Pretendo ficar um tempo sem partido e vou continuar, aqui nesta Casa, exercendo o meu mandato da mesma forma que exerci até hoje.”

 

O senador Telmário Mota (PDT -RR) elogiou os colegas e chegou a lacrimejar enquanto falava. “Estou triste e estou alegre, porque a minha tristeza é pela admiração, pelo carinho, pelo respeito, pelo companheiro, pelo amigo, pelo correligionário, pelo pires que sempre esfriou a temperatura dentro do nosso Partido”, disse. Além de Telmário, ficaram no PDT o líder Acir Gurgarcz (RO), e os senadores Lasier Martins (RS) e Zezé Perrela (MG).