Título: Espera familiar na Bulgária
Autor: pinto, Paulo Santos
Fonte: Correio Braziliense, 03/10/2011, Política, p. 2

A presidente Dilma Rousseff chega amanhã à noite à Bulgária, terra natal de seu pai, Pedro. Mas ela já é esperada com grande ansiedade no país. E certamente não há uma pessoa mais ansiosa para vê-la do que a prima Ralitsa Neguentsova, de 53 anos. "É muita gentileza ela ter reservado tempo para visitar a família em meio a compromissos tão importantes de uma agenda de chefe de Estado", afirmou Ralitsa ao Correio. Advogada, ela concedeu uma entrevista em seu escritório no centro de Sofia, ontem de manhã.

Mesmo admirando tanto a prima, Ralitsa garante que não há risco de tietagem. A expectativa da visita de Dilma tem sido noticiada e comentada em jornais de todos os perfis e tendências. Embora a maior parte dos parentes de Dilma more em Sofia, o encontro com familiares está marcado para quinta-feira em Gabrovo, cidade natal de seu pai, a 200km da capital. "Gostaria de falar algumas palavras para ela. Mas, se eu conseguir, vou lhe dizer que eu espero que a relação dela com a família búlgara se converta em uma relação intensa entre o Brasil e a Bulgária", afirmou.

Desde criança, Ralitsa ouvia falar que tinha familiares no Brasil, para onde o pai de Dilma emigrou nos anos 1940. Mas só há alguns anos ela se deu conta de que a prima era ministra de Estado, e com grandes chances de se tornar presidente da República. Desde então, não parou mais de prestar atenção nos passos de Dilma. "Ela é muito perseverante. Não conseguiu ganhar no primeiro turno, mas não desanimou." Ela diz que também identifica em si essa qualidade. Quando decidiu ser advogada, profissão dos pais, ouviu uma bronca da mãe: "Você sabe o peso disso para uma mulher?".

Ralitsa foi em frente e se tornou um dos nomes mais importantes da área jurídica no país. Ela integra desde 1991 a comissão eleitoral da Bulgária, na qual atualmente tem também o cargo de porta-voz. O fim de semana foi intenso em reuniões para decidir procedimentos das eleições presidenciais e locais marcadas para o próximo dia 23.

Além disso, Ralitsa preside uma espécie de conselho de ética, aos quais são submetidos todos os advogados do país. "Não tive, é claro, os milhões de votos de Dilma, mas tive votos muito importantes, porque são de pessoas que me conhecem e votaram em mim secretamente", orgulha-se. Ela garante que não pretende seguir carreira política. Aliás, nem fala de política, sob o argumento de que atua na comissão eleitoral. (PSP)

Gostaria de falar algumas palavras para ela. (...) Espero que a relação dela com a família búlgara se converta em uma relação intensa entre o Brasil e a Bulgária" Ralitsa Neguentsova, prima búlgara de Dilma Rousseff