O Estado de São Paulo, n. 44.685, 20/02/2016. Metrópole, p. B16

Capital vê elo entre microcefalia e zika em 6 bebês; Estado foca em 24 casos

Prefeitura de São Paulo fez a confirmação com base em histórico da mãe, sintomas relatados e viagens. Desde novembro, 53 cidades paulistas notificaram a má-formação e 5 descartaram ligação com vírus. Nº de municípios onde o zika circula triplicou em 2 semanas

Por: Juliana Diógenes

 

A Prefeitura de São Paulo associou nesta sexta-feira, 19, seis casos de microcefalia relatados na capital paulista ao zika. Em todo o Estado, conforme dados da Secretaria da Saúde, a possível ligação entre a má-formação e o vírus está sob análise mais detalhada em 24 pacientes de 12 municípios. Desde novembro, São Paulo registrou 132 casos de microcefalia em 53 cidades, segundo dados obtidos pelo Estado.

Por não haver sorologia para detectar se a infecção se deu por zika, a Prefeitura de São Paulo fez a confirmação com base no histórico da mãe, em sintomas relatados e em viagens. Um caso foi descartado porque a paciente apresentou síndrome genética, o que causou a má-formação.

Dos seis relatos relacionados ao zika, em três as mães passaram pela Região Nordeste; uma relatou ter viajado para o interior do Estado durante a gestação. Duas pacientes permanecem em investigação mais apurada, por não terem histórico de viagem. A Prefeitura não acredita em transmissão autóctone na capital.

Das 53 cidades paulistas que já registraram casos de microcefalia desde novembro, quando o Ministério da Saúde decretou emergência nacional em saúde pública, cinco deixaram as estatísticas por terem descartado associação da microcefalia com vírus zika. O Ministério da Saúde considera atualmente que até 40% dos casos notificados de má-formação devem estar associados ao zika, como o Estadomostrou nesta sexta.

Os dados de microcefalia informados pela Secretaria Estadual ainda não batem com os registros do Ministério da Saúde - o balanço do dia 17 apontou 140 casos notificados em São Paulo e 29 descartados. Questionado, o governo estadual não explicou a diferença entre os números até as 21h30.

O Ministério da Saúde e os Estados investigam 3.935 casos suspeitos de microcefalia em todo o País. Desse total, 60,1% dos casos (3.174) foram notificados em 2015 e 39,9% (2.106), neste ano. Em São Paulo, a capital paulista lidera nos registros de má-formação em investigação (22). A Prefeitura informou ter relatado desde novembro 32 casos de microcefalia: há 14 em investigação e 12 descartados, além dos 6 confirmados.

Fora a capital, são investigados mais detalhadamente casos de microcefalia por associação com o zika em São José do Rio Preto (4), São Vicente (3), Ribeirão Preto (2) e Campinas (2), além de Sumaré, Estiva Gerbi, Arujá, Cubatão, Guarulhos, Santo André e Mogi-Guaçu.

 

Zika. O número de cidades paulistas onde o vírus zika circula internamente triplicou em duas semanas, considerando os boletins estaduais. Há 20 casos autóctones do zika em dez municípios. No último dia 6, só havia relatos em São José do Rio Preto, Sumaré e Piracicaba. Entraram na lista Ribeirão Preto - já com nove casos autóctones e um surto em avanço, como mostrou o Estado -, Americana, Campinas, Cosmópolis, Bauru, Jardinópolis e Osasco, todos com uma notificação cada. Piracicaba e São José do Rio Preto mantêm um caso em cada cidade - e Sumaré registrou dois.

Em todo o Estado, há ainda 18 casos importados do zika, mas a secretaria não detalhou em quais cidades. Para o infectologista Jean Gorinchteyn, do Instituto Emílio Ribas, é preciso investigar caso a caso para verificar o roteiro de viagens e o risco de infecção e de passar a contaminação nesse trajeto. “Às vezes, a pessoa trabalha em Campinas e mora em Piracicaba. Tem o fluxo. Se a pessoa se contamina no município no qual mora, ela leva o vírus para a cidade onde trabalha. Essa análise é muito importante. Tem de ser criteriosa e individual.”

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Câmara recebe projeto quemulta reincidentes pormanter criadouros

Valor pode chegar a R$ 500 para pessoa física e até R$ 2 mil para pessoa jurídica, segundo proposta de petista

Por: Juliana Diógenes

 

O vereador Paulo Fiorilo (PT), de São Paulo,protocolou na noite de ontem um projeto de lei que prevê cobrança de multas para reincidentes por negligência no combate aos focos do mosquito Aedes Aegypti. Fiorilo propõe multa que pode chegar a R$ 500 para pessoa física e até R$ 2 mil para pessoa jurídica.

Atualmente, sete capitais e o Distrito Federal aplicam multas para reincidentes com base em legislação municipal.

O texto pode levar entre dois e seis meses para ser votado.

Mas o petista pode fazer acordo com outros parlamentares e incluir o assunto já na próxima reunião de líderes, marcada para terça-feira. “Se passar na Comissão de Justiça e se apressarmos, dá para votar logo. Mas não é possível trabalhar com menos de um mês e meio. E votar em abril, talvez”, afirmou o vereador.

 

Pneu. Com o projeto, Fiorilo quer que moradores da capital adotem medidas “necessárias à manutenção da limpeza de suas propriedades, livrando-as do acúmulo de lixo e de materiais que, de alguma forma, criem condições propícias à instalação e à proliferação do mosquito”.

Também deverão garantir cuidados para evitar proliferação do Aedes os “responsáveis por borracharias, empresas de recauchutagem, desmanches, depósitos de veículos e outros estabelecimentos similares”.

Aos responsáveis por cemitérios,competirá “rigorosa fiscalização” das áreas e “imediata retirada” de vasos ou recipientes que contenham água, permitindo só aqueles com areia. As obras de construção civil passam a ser obrigadas a cuidar da drenagem permanente das águas “oriundas ou não das chuvas”, bem como de descartar materiais que acumulam água.

No caso de descumprimento da lei, está prevista a aplicação de uma advertência em um primeiro momento. Em situação de reincidência, a multa para pessoa física foi fixada em R$ 250 e, de pessoa jurídica, em R$ 1 mil. “Pesquisamos os valores de outras leis. É tudo mais caro.

Tem multa que chega a R$ 650 para pessoa física”, explicou Fiorilo. O valor será corrigido anualmente pela inflação medida pelo Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA). / J.D.

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Brasil e EUA vão desenvolver teste para bolsas de sangue

Parceria é feita após países aumentarem restrição a doações de pessoas vindas de locais com epidemia

Por: Lígia Formenti

 

Os governos brasileiro e governo americano acertaram ontem os detalhes de um acordo para desenvolvimento de um teste capaz de identificar o zika em bolsas de sangue usadas em transfusão. O interesse ocorre depois do aumento das restrições de alguns países à doação de pessoas vindas de países com o surto.

Desde o ano passado, postos de coleta foram orientados a tornar mais rígida as entrevistas.

O problema é que, em 80% dos casos, pessoas com a infecção não apresentam sintomas.

Daí a discussão do desenvolvimento do chamado teste NAT, que deverá demorar cerca de seis meses.

O NAT já é usado para identificar a contaminação de bolsas por hepatites B e C, além de HIV. O exame, considerado mais seguro,identifica a presença de traços de vírus na amostra analisada. Aideia é que o exame passe a incorporar, além dessas doenças, o zika. Para isso, pesquisadores deverão, na primeira fase, fazer a coleta de vírus de cercade300pacientescontaminados, residentes em várias regiões do País. A estratégia é para afastar o risco de que o exame use como padrão apenas uma variação do vírus.

O grupo que acertou os acordos de cooperação determinou ainda que a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) e a agência de drogas e alimentos americana (FDA) acompanhem todas as etapas do processo do desenvolvimento do kit e das pesquisas clínicas para avaliar a segurança do teste. A intenção é que possa ser usado também em outros países.

 

PARA LEMBRAR

 

Na Unicamp, análise em 5h

 

Os laboratórios da Unicamp iniciaram na segunda testes rápidos para zika em sangue, urina e saliva. Em cinco horas, o método identifica e diferencia o zika em relação a outros vírus, como dengue e chikungunya