Valor econômico, v. 16, n. 3958, 08/03/2016. Política, p. A6

Cunha é notificado pelo Conselho de Ética

Thiago Resende

Carolina Oms

O presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), foi notificado ontem sobre a abertura de processo contra ele no Conselho de Ética da Casa. A partir de hoje, começa a contar o prazo de dez dias úteis para o pemedebista entregar a defesa ao colegiado.

A representação do PSOL e Rede acusa Cunha de quebra de decoro parlamentar. Cunha teria mentido na CPI da Petrobras ao negar ter contas no exterior.

Após a defesa de Cunha, o relator, deputado Marcos Rogério (PDT-RO), dará início à fase de instrução, na qual testemunhas podem ser ouvidas pelo Conselho. A investigação dará base a um parecer final que pode opinar pelo arquivamento do processo ou já prever pena a Cunha em caso de provas suficientes de que ele cometeu irregularidades. A expectativa é que o relatório seja conhecido apenas entre o fim de maio e começo de junho.

Mesmo que a articulação de Cunha altere as forças no Conselho e ele consiga evitar uma penalidade por parte do colegiado, o PSOL vai recorrer ao plenário da Câmara, onde o voto é aberto e, por isso, o partido acredita que o resultado pode ser a cassação de mandato do pemedebista. "Acredito num tempo curto para o presidente da Câmara. Acreditamos ainda que o Supremo Tribunal Federal (STF) possa afastar Cunha do cargo", disse o líder do PSOL, Ivan Valente (SP).

Cunha evitou comentar a notificação do Conselho. Disse apenas que combinou o horário do ato e que os advogados são responsáveis pela entrega da defesa.

Mulher do pemedebista, a jornalista Claudia Cruz enviou manifestação ao Supremo contra pedido da Procuradoria-Geral da República (PGR) para que seja investigada pelo juiz Sergio Moro, que comanda as investigações da Lava-Jato em Curitiba (PR).

O procurador-geral da República, Rodrigo Janot, apresentou na sexta-feira, a segunda denúncia contra Cunha por suspeita de ligação com o esquema de corrupção da Petrobras. Segundo Janot, ele teria recebido mais de R$ 5 milhões em propina de contratos da estatal em Benin, na África.

 

Com a investigação tramitando na primeira instância, seria mais fácil a decretação de prisões cautelares. No documento, Janot pede que, como uma das quatro contas encontradas na Suíça está em nome de Claudia e tem uma das filhas do deputado, Danielle Dytz da Cunha, como beneficiária, a investigação sobre elas fique a cargo de Moro e não do STF.