O globo, n. 30.181, 25/03/2016. País, p. 10

Manifestantes estendem faixa com ofensa a Teori

Ministro tem sido alvo de protestos após decisão contra divulgação de áudios

- BRASÍLIA- Manifestantes a favor do impeachment da presidente Dilma Rousseff estenderam uma faixa, ontem de manhã, em frente ao prédio do Supremo Tribunal Federal ( STF), em Brasília, com ofensa ao ministro Teori Zavascki, que concedeu liminar na última terçafeira determinando que o juiz Sérgio Moro envie ao tribunal as investigações que envolvem o ex- presidente Lula. A faixa com os dizeres “Teori cabrita do Lulla” foi retirada por seguranças do tribunal.

ANDRE COELHO/ 10- 2- 2015Teori Zavascki. Escolta de agentes de segurança reforçada após protestos

Desde que concedeu a liminar, Teori passou a ser alvo de protestos. Na noite de quartafeira também houve manifestação em frente ao Supremo. Um grupo ligado ao Movimento Brasil Livre, que defende o impeachment, levou um caixão com os nomes de Teori, STF e PT e cantou slogans como “Olê, olê, STF puxadinho do PT” e “Não vai ter golpe, vai ter Justiça”. Além disso, houve manifestação diante da casa do filho de Teori, em Porto Alegre, depois que o endereço foi divulgado nas redes sociais.

O ministro da Justiça, Eugênio Aragão, determinou na quarta- feira que a Polícia Federal abrisse investigação sobre a suposta incitação à violência contra o ministro. Houve reforço na segurança pessoal de Teori e de sua família.

Procurados ontem, o STF e o gabinete do ministro Teori optaram por não comentar os novos atos. Segundo a assessoria da Corte, Teori segue recebendo a escolta de agentes de segurança do Judiciário “como todos os ministros do tribunal têm”. Quarta e quinta- feira foi enviado um reforço, diante dos acontecimentos, mas o tribunal não pôde informar de quantos agentes, “por questões de segurança”. A Corte informou ainda que a segurança das proximidades da casa de Teori é feita pela polícia local, como ocorre em qualquer manifestação de rua.

Na decisão que irritou os manifestantes, Teori também determinou o sigilo das interceptações telefônicas de Lula, inclusive as divulgadas semana passada, e deu a Moro dez dias para prestar informações sobre a divulgação dos áudios. Para Teori, foi “descabido” o argumento usado por Moro de que as gravações divulgadas têm interesse público.

“Não há como conceber a divulgação pública das conversações do modo como se operou, especialmente daquelas que sequer têm relação com o objeto da investigação criminal”, escreveu ele, no despacho. Segundo Teori, como o STF não teve acesso aos áudios ou às investigações antes, há suspeita de que houve violação de competência por parte de Moro, ou seja, ele tomou decisão que estava fora de seu alcance.