Título: Oposição síria pressiona Brasil nas Nações Unidas
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Fonte: Correio Braziliense, 04/10/2011, Mundo, p. 16
À medida que se aproxima a votação de uma resolução sobre a Síria do Conselho de Segurança das Nações Unidas, o recém-formado Conselho Nacional Sírio (CNS, coalizão de oposição) reitera os pedidos para que o Brasil, a China e a Rússia reconsiderem a questão e passem a apoiar a condenação formal e a imposição de sanções ao regime de Damasco. O presidente Bashar Al-Assad é acusado de reprimir a ferro e fogo as manifestações iniciadas em março, com um saldo de mais de 2 mil mortos, segundo relatório preliminar da ONU.
De acordo com o website What"s in Blue, que segue as atividades do Conselho de Segurança, a votação da resolução sobre a Síria, proposta pelos Estados Unidos e seus aliados europeus, poderia ser marcada para a tarde de hoje. Na última sessão em que o tema foi discutido, os países patrocinadores da proposta suavizaram o texto original, na tentativa de obter apoio de Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul, que formam o grupo conhecido como Brics. Rússia e China, como membros permanentes do conselho, têm poder de vetar a resolução.
As mudanças introduzidas buscam atender a solicitações, em particular do Brasil, de que a crise síria seja resolvida pacificamente e por um processo político que não exclua nenhuma força. O governo brasileiro sinalizou que poderia votar a favor da resolução, mas os demais Brics mantinham as ressalvas.
Em um comunicado, o CNS afirmou que "está na hora de esses países apoiarem a população síria". A oposição também alertou a Rússia e a China para que abandonem o apoio a Al-Assad caso queiram preservar seus interesses no país.
Antes mesmo de a ONU aprovar sanções, o Departamento do Tesouro dos EUA anunciou ontem que está proibida a venda para o Estado sírio de equipamentos americanos de telecomunicação". Em visita ao Oriente Médio, o secretário de Defesa dos EUA, Leon Panetta, declarou que a queda do regime de Damasco "é uma questão de tempo". "Quando se mata seu próprio povo de modo tão indiscriminado, fica claro que o governo perdeu toda sua legitimidade."
Segundo a ONU, a repressão na Síria causou a morte de ao menos 2.700 pessoas desde março, quando começaram as manifestações. Uma comissão de direitos humanos da organização pediu permissão para entrar no país e investigar denúncias de assassinatos e torturas.