Título: Obama cobra plano do G-20
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Fonte: Correio Braziliense, 07/10/2011, Economia, p. 9
Washington ¿ Receoso de sofrer um novo baque em sua popularidade, no menor nível desde que se tornou presidente dos Estados Unidos, Barack Obama exortou a Europa, ontem, a atuar rapidamente para estancar uma crise de dívida potencialmente devastadora. Ele alertou que a Zona do Euro não pode depender dos consumidores norte-americanos para sair do atoleiro econômico em que se encontra. O líder dos EUA cobrou das autoridades europeias um plano urgente para salvar o Velho Continente. A seu ver, a crise no outro lado do Atlântico está se tornando o maior obstáculo à recuperação da maior economia mundial.
"Eles precisam agir rápido", pediu Obama ontem, da Casa Branca. O presidente dos EUA disse esperar que um plano seja colocado em prática até o encontro de 3 e 4 de novembro, na França, dos líderes do G-20. "O maior obstáculo que economia norte-americana está enfrentando, agora, é a incerteza com a Europa, porque isso está afetando os mercados globais", declarou o mandatário norte-americano. "Minha forte esperança é de que, no período do encontro do G-20, eles tenham um plano de ação muito claro e concreto que seja suficiente para a tarefa", expôs.
No ataque A situação crítica dos últimos dias tem levado a Bolsa de Valores de Nova York a fortes perdas sempre que investidores questionam se os EUA serão mesmo capazes de escapar da recessão. Especulações desse tipo estão atrapalhando a tarefa de Obama de reduzir a taxa de desemprego, hoje em 9,1% e calcanhar de Aquiles de sua campanha à reeleição em 2012. Numa nova tentativa de reverter sua situação ruim das pesquisas eleitorais, o presidente norte-americano resolveu, num discurso voltado aos manifestantes que invadiram as ruas de Washington e Nova York, repreender duramente os bancos dos EUA pela elevação de tarifas e pela tentativa de impedir reformas financeiras no país.
Obama disse que os planos dos seus adversários republicanos para estimular a economia basicamente consistem em barrar as reformas financeiras que a sua administração tenta aprovar. "Acho que as pessoas estão frustradas e, sabem, os manifestantes estão dando voz a uma frustração mais ampla sobre como o nosso sistema financeiro funciona", declarou. Ele acrescentou que o projeto de reforma do setor, proposto pelo governo (a chamada Lei Dodd-Frank), serviria para evitar abusos de Wall Street.
China na mira de tiro O presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, acusou ontem a China de manipular o sistema de comércio ao intervir nos mercados de câmbios para manter o iuan artificialmente baixo em relação ao dólar. Ele disse que, não fosse a intervenção, os EUA poderiam ter uma "relação comercial benéfica" com Pequim. "O comércio é fantástico, sempre e quando todos jogarem com as mesmas regras", criticou. O Senado norte-americano aprovou legislação que tenta punir os chineses pela manipulação cambial. O Departamento de Estado também resolveu agir e recorreu à Organização Mundial do Comércio (OMC) contra 200 programas de subsídios chineses e 50 indianos.