O globo, n. 30.167, 11/03/2016. Economia, p. 22

MÍRIAM LEITÃO

ALVARO GRIBEL E MARCELO LOUREIRO ( INTERINOS)

 

Velha Ata

A Ata do Copom divulgada ontem parece já ter nascido velha. A reunião aconteceu na semana passada, antes da forte alta do petróleo e da forte queda do dólar. Em apenas 10 dias, a moeda americana saiu de R$ 4,00 para R$ 3,64 e alterou o cenário. Essa redução ajuda no combate à inflação e diminui as perdas com swaps cambiais. Se continuar nesse nível, não será surpresa se o BC indicar corte de juros à frente.

Na visão do economista- chefe do Itaú Unibanco, Ilan Goldfajn, o Banco Central manterá a Selic em 14,25% até agosto, e a partir daí começará um ciclo de baixa, em doses de meio ponto. Já André Perfeito, da Gradual Investimentos, acredita em cortes a partir de outubro, enquanto o Bradesco prevê dois pontos de queda até dezembro. A expectativa do mercado é que em março o IPCA acumulado em 12 meses voltará para a casa de um dígito, o que indica que o pior período para a inflação pode ter ficado para trás. O que não está claro ainda é quando a taxa voltará para o centro da meta de 4,5%.

 

Tombo maior

O resultado pior que o esperado do varejo em janeiro fez a Confederação Nacional do Comércio ( CNC) revisar para baixo suas projeções. A entidade acredita que o setor deve fechar 230 mil postos de trabalho este ano, após cortar 208 mil vagas no ano passado. Estima- se agora que as vendas, incluindo veículos e materiais de construção, vão encolher 8,3% em 2016. Se o número se confirmar, a queda acumulada em dois anos pode chegar a 17,6%.

 

Negócio da China

Com a paralisia política e econômica, o presidente da Abicalçados, Heitor Klein, ainda não consegue traçar cenários para o setor este ano, depois da queda de 7% da produção no ano passado. A entidade manda este mês uma delegação à China para tentar alavancar as exportações, que caíram 2% no primeiro bimestre, frustrando expectativa de ganhos com a alta do dólar. “Devido ao atual nível de incertezas ( na economia e na política), não temos condições de fazer previsão para o nosso setor este ano.”

HEITOR KLEIN

Presidente da Associação das Indústrias de Calçados

 

Ansiedade do exportador

A queda do dólar virou uma preocupação a mais para o setor de máquinas, que fechou janeiro com queda de 35% nas receitas em relação a 2015. O presidente da Abimaq, Carlos Pastoriza, explica que a ansiedade aumentou nos últimos dias, porque isso vai prejudicar as exportações, que já caíram 12% no mês. “Uma empresa do meu setor leva em média nove meses para fechar contrato, produzir e exportar. Essa volatilidade provoca uma insegurança muito grande”.

 

SEM URGÊNCIA. Para o ministro Miguel Rossetto, é preciso adiar a reforma da Previdência para evitar uma “agenda conflitiva”.

COM URGÊNCIA. Já Nelson Barbosa defendeu a reforma em dois eventos ontem. Com déficit crônico, a Previdência precisa mudar para sobreviver, disse.

COLÔMBIA. Mesmo com a queda no preço do petróleo, o PIB do país cresceu 3,1% em 2015.

 

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