Título: Opositor em campanha no Brasil
Autor: Martínez, Manuel
Fonte: Correio Braziliense, 07/10/2011, Mundo, p. 15
Um dos pré-candidatos da oposição venezuelana à Presidência, Leopoldo López, esteve ontem em Brasília para denunciar no Congresso a falta de respeito aos direitos humanos em seu país. O representante do partido de centro-direita Vontade Popular acusou o governo de Hugo Chávez de censurar a imprensa e mandar para a prisão jornalistas, estudantes, sindicalistas, políticos e todos os venezuelanos que criticam o mandatário.
López pediu apoio contra a suposta perseguição que sofre por parte de Chávez. Reclamou que as autoridades venezuelanas se recusam a acatar uma recente decisão da Corte Interamericana de Direitos Humanos (CIDH) que o absolveu de todas as denúncias de supostos crimes de corrupção, pelos quais perdeu os direitos políticos. No fim do mês passado, ele foi inocentado e reabilitado até a disputar a Presidência, no ano que vem, mas o Executivo ainda busca impedir a candidatura com a ameaça de novo processo judicial.
"Ir contra a decisão da Corte Interamericana é ficar à margem de um acordo multilateral reconhecido por todos os governos democráticos da região. É ir contra a integração regional", acusou López numa coletiva de imprensa. Antes da entrevista, ele tinha sido recebido pelo presidente do Senado, José Sarney (PMDB-AP). Também se reuniu com os presidentes das Comissões de Relações Exteriores da Câmara dos Deputados e do Senado ¿ respectivamente, Carlos Leréia (PSDB-GO) e Fernando Collor (PTB-AL). Com o mesmo propósito, teve encontros com o senador Eduardo Suplicy (PT-SP) e outros parlamentares petistas. Na véspera, em São Paulo, o líder opositor venezuelano tinha conversado com o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso.
"Só o fato de ser recebido por todos esses parlamentares e líderes políticos brasileiros demonstra no mínimo solidariedade e atenção ao que temos para dizer", avaliou o representante do Vontade Popular. Ele lembrou que Chávez teria acusado a CIDH de intromissão em assuntos internos do país. Essa mesma avaliação tem sido expressada pela Justiça venezuelana, que ameaça ignorar a decisão e manter López fora da disputa presidencial.
União O pré-candidato ressaltou que para 2012 há uma boa chance de interromper a permanência de Chávez no poder, iniciada em 1999. Ele explicou que todos os partidos da oposição decidiram se unir para tirar a Venezuela do "atraso em que se encontra", segundo disse. Com esse objetivo, haverá uma votação popular, em fevereiro, para escolher um candidato único da oposição à disputa com Chávez, na eleição de outubro. "Estamos decididos a aumentar a oferta de empregos, a fazer com que a Venezuela pare de ser mera importadora de comida e garantir que a industrialização seja retomada", agregou.
» Despedida tardia Depois de quase um ano de disputa legal, os restos do ex-presidente venezuelano Carlos Andrés Pérez foram sepultados ontem em Caracas. Pérez morreu em dezembro passado, em Miami, aos 88 anos, mas os restos só foram repatriados na última terça-feira, quando se resolveu a pendência entre sua mulher, Blanca Rodríguez, que vive na Venezuela, e a amante, Cecília Matos, radicada em Miami. Pérez era opositor ferrenho de Hugo Chávez, que tentou derrubá-lo em 1992.