Correio braziliense, n. 19288, 17/03/2016. Esportes, p. 21

Romário leva de goleada

CPI DO FUTEBOL » Com sete votos contra e apenas um a favor, o do craque, senadores rejeitam convocar Teixeira e figuras importantes da CBF, tornando a comissão praticamente inócua. Depoimento de Coronel Nunes nada acrescenta
Por: Gabriela Ribeiro
 

 

Gabriela Ribeiro
Especial para o Correio

 

Nem a presença de mais um presidente da Confederação Brasileira de Futebol (CBF) foi suficiente para evitar o naufrágio da CPI do Futebol. Mandatário em exercício da entidade, Coronel Nunes esteve na Comissão Parlamentar de Inquérito do Senado ontem para prestar depoimento. Além de não ter nenhuma resposta contundente para o processo, o cartola viu o presidente da CPI, senador Romário (PSB-RJ), sofrer um dos maiores reveses na investigação, que já se arrasta há quase oito meses.
Antes do sucinto depoimento do Coronel Nunes, que na fala de menos de meia hora preferiu permanecer calado na maioria das vezes, o relator, Romero Jucá (PMDB-RR), deu parecer contrário a todos os requerimentos da pauta. Por unanimidade, os demais seis senadores negaram a convocação de Ricardo Teixeira e outros nomes importantes da CBF.
Em um bate-boca resignado, Romário argumentou sobre a importância dos requerimentos para a continuidade da CPI, mas foi vencido pela tropa. De convidados a senadores, a confederação aparelhou o Senado para evitar qualquer manobra. “Está claro que a sacanagem impera aqui e que esses que ficam de sacanagem não sabem, com o perdão da palavra, p... nenhuma de futebol”, exaltou-se o ex-jogador.
O recado enviado pelos membros deixa a comissão sem alternativas. Com a falta de acesso a figuras importantes da CBF e diante da pressão interna, a CPI deve centrar as investigações nas irregularidades dos contratos da Copa do Mundo. Ontem, a secretaria da comissão recebeu mais documentos relativos ao Comitê Organizador Local.
Ao Correio, Romário disse que, embora seja muito difícil, não vai desistir de trazer Teixeira ao Senado. “Do jeito que a política é, tudo é possível. Independentemente disso, o sigilo bancário dele e de outros foram quebrados”, afirmou o craque. Na tentativa de surtir algum resultado à comissão, que ainda tem permissão para continuar até agosto, o senador promete um parecer próprio dos trabalhos. “Talvez, vocês não tenham conhecimento de algumas informações pelo relatório do relator, mas com certeza terão pelo meu”, disse.

Silêncio
Apesar de toda a expectativa em torno do depoimento de Coronel Nunes, que chegou a ter a condução coercitiva pedida por Romário, o presidente em exercício da CBF não contribuiu com as investigações. Nas poucas perguntas que o ex-jogador dirigiu ao cartola, o mandatário preferiu manter o silêncio em quatro oportunidades.
Assessorado pelo advogado e com poucos argumentos, Nunes fez uma leitura das respostas. Em uma espécie de discurso de propostas políticas, citou as mudanças que a CBF tem promovido sob sua gestão. “Mesmo com apenas 60 dias de administração, nós estamos dando continuidade àquilo que já foi programado, dentro do projeto e dos programas”, afirmou o dirigente, submisso a Del Nero.
Nunes também negou que não tenha voz ativa dentro da confederação. “Aprendi a mandar como coronel da Polícia Militar e ninguém vai mandar mais que o presidente”, declarou. Entre as poucas palavras, disse não ver ingerências na entidade. “Não tenho fato concreto que comprove corrupção na CBF”, ressaltou.


Convocações, não

Veja os senadores que votaram contra os requerimentos

Romero Jucá (PMDB/RR)
Ciro Nogueira (PP-PI)
Hélio José (PMDB-DF)
Davi Alcolumbre (DEM-AP)
Gladson Cameli (PP-AC)
João Alberto Souza (PMDB-MA)