O globo, n. 30.165, 09/03/2016. Economia, p. 20

Impacto da inflação

Por: MIRIAM LEITÃO

 

O IBGE, divulga hoje a taxa de inflação de fevereiro, que deve ser menor que a de janeiro, mas ainda continuará na casa de 10% em 12 meses. A grande dificuldade do Banco Central em conter a escalada dos preços é que o país enfrenta uma inflação de custos, provocada por aumento de tarifas, impostos e pela alta do dólar. A indexação continua forte, com negociações trabalhistas olhando para a inflação passada.

A indústria de plásticos mostra como esses aumentos de preços estão tendo impacto direto na economia real. Segundo a Abiplast, associação que representa o setor, os gastos com energia elétrica aumentaram 46% em um ano, enquanto as despesas com mão de obra subiram 15% e os insumos, 12%. Com gastos mais altos e redução de encomendas, o resultado foi o fechamento de cerca de 30 mil postos de trabalho no período. A produção ficou 15% menor em janeiro sobre o mesmo mês de 2015.

 

Escape externo

Entre os setores que fazem encomendas de produtos plásticos, apenas o segmento agrícola está com perspectiva de aquecimento, segundo a Abiplast. A boa notícia é que as exportações cresceram no início deste ano e as importações caíram. Com isso, o déficit comercial do setor caiu 46%. O mercado externo compensa parte da queda do mercado interno.

 

Cores de abril

A Associação Brasileira de Papelão Ondulado (ABPO) avalia que a economia continua em forte queda no primeiro trimestre. A redução das encomendas nos dois primeiros meses do ano continua na mesma intensidade do final do ano passado, na casa de 5%. Pela avaliação do diretor da ABPO, Sérgio Ribas, a partir de abril a economia começa a estabilizar, mas em um patamar baixo. Seria como chegar ao fundo do poço e não ter força para voltar a subir.

"Acreditamos que a economia para de cair a partir de abril, porque a base de comparação sobre 2015 será muito baixa. A dúvida é se esse patamar dará resultado às empresas. Sem isso, pode-mos ter mais demissões e um novo ciclo vicioso:'

 

SÉRGIO RIBAS Diretor da Associação Brasileira de Papelão Ondulado (ABPO)

"Acreditamos que a economia para de cair a partir de abril, porque a base de comparação sobre 2015 será muito baixa A dúvida é se esse patamar dará resultado às empresas. Sem isso, podemos ter mais demissões e um novo ciclo viciosa" SÉRGIO RIBAS Diretor da Associação Brasileira de Papelão Ondulado (ABPO)

 

Cabo de guerra

As medidas anunciadas pela Caixa para destravar o financiamento imobiliário são mais um sinal da volta da matriz econômica do primeiro mandato da presidente Dilma Rousseff. O banco público está sendo usado pelo governo para fazer política anticíclica, ou seja, estimular a economia. Enquanto a Caixa amplia o crédito, o Banco Central restringe as concessões, ao manter a Selic elevada.

 

Trincheira econômica

A nova presidente da Comissão de Assuntos Econômicos do Senado, senadora Gleisi Hoffinann (PT-PR), é mais uma integrante da base do governo que não vê urgência em reformar a Previdência. Para a senadora, é preciso mirar o "médio e longo prazos". Ela também é contra o projeto que altera as regras do pré-sal e retira a obrigatoriedade de a Petrobras Explorar todos os campos.

Quatro anos de espera O governo reluta em abrir o pré-sal, mas o ritmo de Exploração dos blocos continua fraco, com a crise da Petrobras e a queda dos preços do petróleo. Ontem, o Ministério de Minas e Energia anunciou que poderá ofertar blocos em 2017, quatro anos depois do único leilão realizado até aqui pelo modelo de partilha.

 

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