O globo, n. 30.164, 08/03/2016. País, p. 4

Ex-presidente aluga imóvel de primo de Bumlai

Okamotto diz que vizinho de Lula precisa ser conhecido

Por: Sérgio Roxo

 

- SÃO PAULO- O ex- presidente Luiz Inácio Lula da Silva e sua família usam uma cobertura que foi comprada por Glauco da Costa Marques, primo do pecuarista José Carlos Bumlai. O imóvel é vizinho à cobertura onde mora o petista, em São Bernardo do Campo. Ao confirmar a informação, divulgada ontem pelo jornal “O Estado de S. Paulo”, o presidente do Instituto Lula, Paulo Okamotto, alegou que o imóvel precisava ser comprado por uma pessoa conhecida. Por isso, Marques a adquiriu.

— Ser vizinho de um político sempre tem transtorno. A pessoa que compra um apartamento daquele não pode ser totalmente desconhecida ( do político) — disse Okamotto.

O apartamento 121 do edifício Hill House foi comprado em 2011 por Marques, segundo o jornal paulista.

Lula é dono do apartamento 122, mas usa o 121 desde 2003, quando assumiu a Presidência da República. Inicialmente, o aluguel era pago pelo PT, para que Lula guardasse o acervo que havia doado ao partido. Entre 2007 e 2010, o governo pagou o aluguel, com alegação de que precisava do imóvel para garantir a segurança do expresidente.

— Aquele imóvel de São Bernardo foi alugado na época que ele foi presidente. E o aluguel continua, só que agora quem aluga é o ex- presidente — disse Okamotto, frisando que os pagamentos do aluguel são feitos por Lula, que os declara no Imposto de Renda.

O advogado Roberto Teixeira, compadre de Lula, foi o intermediário da compra da cobertura pelo primo de Bumlai. “Indiquei o referido imóvel ao Sr. Glaucos da Costa Marques, que concretizou a compra”, informou Teixeira, em nota divulgada ontem. Ele afirmou que Lula paga aluguel por valor de mercado.

Segundo Okamotto, o comprador do apartamento vizinho ao de Lula deveria ser uma pessoa que não tivesse interesse em usá- lo.

— No final do mandato ( de Lula na Presidência), tinha um processo de venda ( da cobertura vizinha) e se achou uma pessoa para comprar que tivesse apenas o interesse de investir — disse Okamotto, que também foi alvo da 24 ª fase da Operação LavaJato, na última sexta- feira.

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‘Pedalinhos do Lula’ são sucesso de público em São Lourenço

Turistas buscam unidades iguais às do sítio em Atibaia

Por: Evandro Éboli

 

Os pedalinhos adquiridos pela família do ex- presidente Luiz Inácio Lula da Silva em São Lourenço, no sul de Minas Gerais, não são novidade naquela estância hidromineral. As embarcações são velhas conhecidas do povo da cidade e dos turistas que frequentam o Parque das Águas, onde há um lago destinado a esses passeios. Mas o súbito sucesso nacional tornou os pedalinhos em formatos de cisne, do tipo que estão no sítio em Atibaia ( SP), a principal estrela da companhia no momento.

— Quero experimentar esse igualzinho ao do Lula — disse o engenheiro agrônomo Fernando Salles, que passeava com sua noiva no final de semana na cidade.

Meia hora de passeio no pedalinho do cisne custa R$ 14. A Ipê Fibra de Vidro, que vendeu as duas unidades para a família de Lula, também fornece as embarcações do parque. O dono da empresa, José Reinaldo Ferreira, alcançou notoriedade súbita em São Lourenço.

— Sou parado a todo momento nas ruas. Acho que para mim foi bom negócio — disse.

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Instituto Lula mostra salas que foram alvo de ação da PF

Diretor de entidade vinculada a ex- presidente diz que houve truculência
 

- SÃO PAULO- O Instituto Lula abriu para a imprensa salas que foram alvo da operação da Polícia Federal, sexta- feira, para mostrar os danos que teriam sido feitos pelos agentes. No local, havia documentos espalhados, mesas desarrumadas, caixas de papelão rasgadas e uma porta arrombada.

Foram mostradas a sala do presidente do instituto, Paulo Okamotto, do diretor de assuntos da África, Celso Marcondes, do departamento administrativo-financeiro, da equipe de comunicação e um depósito onde estavam armazenados presentes recebidos pelo ex- presidente Lula após deixar o cargo.

— Nossa privacidade foi completamente devassada — disse Celso Marcondes, que guiou a visita dos jornalistas.

O diretor do Instituto Lula criticou o juiz Sérgio Moro por causa da ação de sexta- feira.

— Acho que o Moro fez um mal para o país. Não precisava fazer uma operação com 200 homens, usar toda essa violência, essa truculência e essa demonstração de força. Os ânimos hoje estão muito mais acirrados. Jogaram gasolina na fogueira — disse Marcondes.

A porta da sala do departamento administrativo- financeiro estava arrombada.

— A chave estava com uma das moças ( funcionária do instituto que acompanhou as buscas), mas ninguém pediu. Foi completamente desnecessário — disse Marcondes.

Em nota a PF disse que o arrombamento, permitido pelo mandado de busca e apreensão, foi necessário devido à ausência de cooperação.

 

LULA DISSE QUE SÓ IRIA ALGEMADO

Também na sexta- feira, ao receber a equipe da PF em seu apartamento, em São Bernardo do Campo, Lula disse que queria prestar seu depoimento lá, e que só sairia algemado. Após conversar por telefone com seu advogado, Roberto Teixeira, Lula concordou em ser levado para o Salão Presidencial do Aeroporto de Congonhas.