Título: Tudo mais claro
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Fonte: Correio Braziliense, 07/10/2011, Cidades, p. 25

Detran investe R$ 170 mil na compra de 20 equipamentos para medir a transparência das películas automotivas e exigir do condutor o cumprimento de norma existente desde 2007

Os motoristas adeptos ao uso de películas para escurecer o interior dos carros devem se preparar para entrar na linha. Os vidros muito escuros estarão na mira dos agentes do Departamento de Trânsito (Detran) e a fiscalização promete ser rigorosa. O órgão adquiriu 20 medidores de transmissão luminosa das janelas dos automóveis. Os equipamentos devem começar a ser usados nas blitzes dentro de duas semanas. Os índices têm de obedecer padrões mínimos de visibilidade tanto para quem está fora do veículo quanto para o condutor (leia arte).

Grande parte dos brasilienses alega privacidade, segurança e incômodo com a luz do sol ao deixar o vidro fumê. Mas, para não levar uma multa de R$ 127,69, receber cinco pontos na Carteira Nacional de Habilitação (CNH) e ter de se adequar na hora, o motorista não poderá escurecer o para-brisa. Os vidros dianteiros incolores precisam de visibilidade maior ou igual a 75%, como os carros saem de fábrica. Os veículos com para-brisa colorido são produzidos, em média, com até 70% de transparência. Segundo o Detran, esses índices são os máximos tolerados. Qualquer alteração por meio de películas implica infringir a legislação.

As normas têm o objetivo de garantir a segurança do trânsito. O chefe do Núcleo de Operações Técnicas do Detran, Kesley Souza, explicou que vidros muitos escuros facilitam a ocorrência de acidentes. "As películas atrapalham a percepção do condutor em condições adversas, em especial quando chove", afirmou. Segundo ele, os parâmetros também trazem mais segurança para os agentes e policiais durante as abordagens e operações de fiscalização.

Com custo total de R$ 170 mil, os medidores começarão a integrar as blitzes da cidade dentro de duas semanas. Parte deles ficará nas unidades de vistoria para uso nas inspeções veiculares. O equipamento é composto por duas partes. Uma delas é grudada por uma ventosa na parte de dentro da janela e emite feixes de luz. Do lado de fora, a outra capta a luminosidade que consegue ultrapassar o vidro e acusa o índice de visibilidade. A tolerância é de 7% para os percentuais aferidos.

As regras para os vidros fumês existem desde 2007, mas somente agora o Detran adquiriu os aparelhos necessários para a fiscalização. Durante quase quatro anos, os agentes deixaram de autuar motoristas em situação ilegal por falta dos medidores. Agora, além de receber a multa, o condutor pego em situação irregular só sai da blitz depois de retirar as películas. "A intenção é coibir os abusos. Os aparelhos serão um apoio a isso", afirmou Kesley.