Alckmin e Aécio são hostilizados em SP

Virtuais adversários na disputa pela vaga de candidato do PSDB ao Palácio do Planalto em 2018, o senador Aécio Neves (MG), presidente do partido, e o governador Geraldo Alckmin participaram ontem - juntos pela primeira vez - da manifestação pelo impeachment da presidente Dilma Rousseff na Avenida Paulista. Eles foram hostilizados por um grupo ao chegar.

Por volta das 15h30, acompanhados por uma comitiva de parlamentares de oposição, Alckmin e Aécio se aproximaram do caminhão do Movimento Brasil Livre (MBL), que estava em frente ao Masp.

Os tucanos foram recebidos por xingamentos de “oportunistas”. Aécio também foi cobrado pela citação de seu nome no depoimento de delação premiada do senador Delcídio Amaral na Operação Lava Jato.

O grupo ficou no local por cerca de 15 minutos e então se dividiu. Alguns parlamentares retornaram à van que os transportou à avenida. Aécio foi convidado pelos líderes do MBL a falar ao microfone, mas declinou. Alckmin também optou por não usar a palavra. Em nota enviada pelo PSDB aos jornalistas, o partido afirma que já estava definido previamente que eles não falariam.

Ao deixar a manifestação, Aécio e Alckmin fizeram um trajeto tenso de três quadras até a van que os esperava. No caminho, foram novamente hostilizados por manifestantes que vestiam camisetas da Seleção Brasileira e gritavam ofensas como “corruptos” e “oportunistas”.

‘Normais’. Enquanto isso, motoristas que passavam no local e pedestres gritaram palavras de apoio aos tucanos. Não houve confronto. Em uma rápida e tumultuada entrevista coletiva, Aécio considerou “normais” as manifestações contrárias.

Sobre a citação do nome dele em delações da Operação Lava Jato, o senador disse que “todas precisam ser investigadas”, mas ressaltou que as relativas a ele “estão se desmontando, porque são falsas”.

Horas antes, o senador participou de ato realizado na Praça da Liberdade, em Belo Horizonte. O tucano ficou pouco tempo no local, se recusou a subir em um dos caminhões de som para discursar, e seguiu para São Paulo.

Na capital paulista, o presidente do PSDB pregou “convergência entre as ruas e a política”. Enquanto ele falava, os manifestantes gritavam “fora”. “Esse é o momento em que os brasileiros, em paz e com suas famílias, exercem sua cidadania. O Brasil quer continuar unido em paz com seu povo. A sensação é de que os brasileiros resolveram pegar seu destino com a mão”, disse Aécio.

Já Alckmin repetiu o que havia dito em uma entrevista coletiva ao lado do senador mineiro, no Palácio dos Bandeirantes, antes da manifestação. “Precisamos o mais rápido possível virar essa página e retomar o crescimento.”

‘Pontuais’. Os líderes da oposição minimizaram o incidente. “As vaias foram pontuais. As pessoas às vezes imaginam que a oposição poderia conseguir resultados mais rápidos”, disse o deputado Mendonça Filho (DEM-PE), líder da oposição no Congresso.

Antônio Imbassahy, líder do PSDB na Câmara, seguiu na mesma linha. “Eles também foram aplaudidos, mas tiveram alguns pontos de descontentamentos. Em uma manifestação com mais de 1,5 milhão de pessoas isso pode acontecer.” O senador José Serra (PSDB-SP), que também pleiteia a vaga no partido de candidato à Presidência em 2018, participou do ato separado do grupo.

Marta Suplicy é vaiada

A senadora Marta Suplicy (PMDB-SP), ex-filiada do PT, foi xingada de “perua” e “vira-casaca” enquanto dava uma entrevista em frente à Fiesp, na Paulista.

O Estado de São Paulo, n.44708, 14/03/2016. Política, p. A8