EDUARDO MILITÃO

Curitiba —  O depoimento do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva perante policiais da Operação Lava-Jato foi filmado por duas câmeras de vídeo em uma sala da Polícia Federal no Aeroporto de Congonhas, em São Paulo. Também houve gravações em arquivos de áudio. Os advogados dos petistas pediram para filmar a oitiva em um celular. O deputado Paulo Teixeira (PT-SP) acompanhou tudo como testemunha. As informações foram prestadas ontem pela Polícia Federal ao juiz do caso no Paraná, Sérgio Moro.

O teor do depoimento não havia sido divulgado até a noite de ontem. Ele ainda não foi transcrito, tarefa que caberá ao Ministério Público Federal. Na oitiva, Lula foi questionado sobre a real propriedade de um sítio em Atibaia, frequentado por ele e registrado em nome de sócios de um de seus filhos. Os policiais também o questionaram sobre um apartamento tríplex no Guarujá, em São Paulo. O petista nega a posse desses imóveis. Ele entregou aos policiais uma nota de seu instituto intitulada “Os documentos do Guarujá: desmontando a farsa”, divulgada em janeiro, e por meio da qual rebateu vários questionamentos da Polícia Federal, na manhã de sexta-feira passada, quando a 24ª fase foi deflagrada e Lula conduzido coercitivamente para prestar depoimento.

Ontem, um dos sócios de Fábio Luiz Lula da Silva, o Lulinha, filho do petista, compareceu ao gabinete da força-tarefa do caso do Ministério Público Federal no Paraná. O empresário Fernando Bittar, filho do ex-prefeito de Campinas Jacó Bittar, subiu à sala dos procuradores acompanhado pelo advogado Alberto Zacharias Toron. Investigadores ouvidos pelo Correio informaram que Bittar prestou depoimento, no entanto, Toron negou e disse que a oitiva só deve acontecer na semana que vem. Ele não quis revelar o teor da agenda do empresário.

Metade do sítio Santa Bárbara está em nome de Bittar. A outra, de Jonas Suassuna. Segundo a defesa de Lula argumentou no Supremo Tribunal Federal (STF), Jacó Bittar comunicou, em 2011, ao ex-presidente que havia adquirido uma propriedade rural em Atibaia para uso do petista. A compra foi em 2010, durante o mandato de Lula, mas ele afirma que só soube do negócio ao deixar a Presidência da República. O Ministério Público Federal suspeita de que os imóveis, reformas e mobílias, feitas pelas empreiteiras OAS, Odebrecht e pelo amigo do petista José Carlos Bumlai, sejam vantagens indevidas derivadas de contratos superfaturados na Petrobras e em outras estatais. O Instituto Lula nega. Diz que o ex-presidente “jamais” cometeu ilegalidades.

Apartamento

Ontem, o advogado de Lula, Roberto Teixeira, admitiu ter indicado a um primo do empresário José Carlos Bumlai, que comprasse um outro apartamento usado por Lula no edifício Green Hill, em São Bernardo do Campo, onde o ex-presidente também tem residência própria. O imóvel 121 estava locado pela Presidência da República e era utilizado pelo petista desde 2003. Quando deixou a Presidência, passou a pagar aluguel por ele.

O comprador indicado por Teixeira foi Glaucos da Costa Marques, primo de Bumlai, amigo de Lula. A notícia foi publicada ontem pelo jornal O Estado de S.Paulo. O advogado reclamou do noticiário. “Mais uma vez deturpam a realidade dos fatos.” Teixeira disse que não possui imóveis no Green Hill.

Frase

“Mais uma vez, deturpam a realidade dos fatos”

Roberto Teixeira, advogado de Lula