Título: Crack: Padilha nega epidemia
Autor: Leite, Larissa ; Mariz, Renata
Fonte: Correio Braziliense, 06/10/2011, Brasil, p. 10

Enquanto as estatísticas da violência impulsionadas pelo fenômeno das drogas avançam no Brasil, conforme aponta relatório das Nações Unidas, o governo não chega a um acordo sobre a existência de uma epidemia de crack. O ministro da Saúde, Alexandre Padilha, negou ontem que o país enfrente tal fenômeno. Minutos depois, Roberto Tikanori, da Coordenação de Saúde Mental da própria pasta, área que lida com o tema, deixou a questão em aberto. "Não dá para dizer que não existe, assim como também não podemos dizer que existe", destacou Tikanori, que participou, ao lado do ministro, de reunião do Conselho Nacional de Saúde (CNS).

Tikanori explicou que, do ponto de vista teórico, é "preciso" afirmar que há epidemia se existe um número elevado de casos fora de um padrão histórico ou uma quantidade elevada de um fenômeno inédito, como o crack. Entre os membros do CNS as divergências continuam. Para o médico Alcides Miranda, do Centro Brasileiro de Estudos de Saúde, está clara a epidemia. "O fato de não termos uma série histórica não significa que um problema emergente não pode ser considerado epidemia", diz. A psicóloga Maria Ermínia Ciliberti, também conselheira, discorda. "Não acredito em epidemia, mas é um debate importante." (RM)