Título: Itália pede ajuda latina
Autor: Batista, Vera
Fonte: Correio Braziliense, 06/10/2011, Economia, p. 12/13

Roma ¿ Na presença de chanceleres e autoridades da América Latina, o ministro das Relações Exteriores da Itália, Franco Frattini, pediu, ontem, a ajuda da região para que seu país consiga sair da grave crise econômica que atravessa. "Todos sabemos que a América Latina é parte da solução e não do problema. Não é mais uma região frágil, e sim um continente que mostrou ter aprendido com as lições da história", afirmou Frattini a chanceleres e representantes de 15 de países latino-americanos que participaram de um encontro dedicado a discutir as relações com a nação europeia.

Frattini pediu maior espaço para as economias emergentes na elaboração de novas regras para evitar as turbulências dos últimos anos. Ele defendeu que a América Latina tenha uma maior liderança sobre os rumos da economia global. "Esse espaço está se abrindo e comprova o fato de que alguns países aqui representados ocupam um papel fundamental nos novos formatos de governabilidade econômica, como o G-20 (grupo das 19 maiores economias mundiais e União Europeia)", afirmou.

O país governado por Silvio Berlusconi, alvo de fortes especulações devido ao elevado endividamento, precisa de ajuda para vencer a crise. Os elogios aos latinos-americanos vieram um dia depois de a Itália ser rebaixada pela agência de classificação de risco Moody"s. "O papel da América Latina em nível internacional adquiriu um novo rosto, em parte graças ao desenvolvimento significativo alcançado nos últimos anos e ao fortalecimento do sistema democrático", acrescentou Frattini. "A crise econômico-financeira que atinge nossos países precisa de respostas coordenadas", pediu.

Desajustes Presente no encontro, o ministro da Ciência e Tecnologia, Aloizio Mercadante, declarou que o Brasil está disposto a ajudar a Itália e a Europa a enfrentarem a grave crise econômica e financeira que atravessam. "Estamos prontos para colaborar e evitar as graves consequências políticas e sociais da crise internacional", assegurou. Apesar da oferta, a autoridade brasileira reconheceu que, embora preparado, "o Brasil não é uma ilha feliz", que pode evitar os desajustes da crise.

Em nome da Argentina, o chanceler Héctor Timerman ofereceu ferramentas e modelos nativos para tirar a Itália da crise, tal como fez seu país. "Na época, a Argentina se eximiu de imposições e condicionantes externos", disse, sem mencionar os organismos internacionais como o Fundo Monetário Internacional (FMI). "É necessária uma revisão profunda do papel a ser desempenhado pelas instituições financeiras internacionais", reiterou.

Alemães querem o marco de volta No momento em que a Zona do Euro passa por uma crise sem precedentes, mais da metade dos alemães (54%) querem o retorno do marco como moeda nacional, revelou uma pesquisa publicada pela revista Stern. Na região da antiga Alemanha Oriental, a defesa do marco é ainda mais forte, com o apoio de 67% da população. Substituída pelo euro em 1º de janeiro de 2002, a moeda segue associada à potência econômica e financeira da Alemanha do pós-guerra. O apoio ao retorno já era alto ano passado: em junho de 2010, 51,4% dos alemães desejavam a volta da antiga divisa.