Título: EUA e França criticam veto a sanções
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Fonte: Correio Braziliense, 06/10/2011, Mundo, p. 23

Os Estados Unidos e a França criticaram, ontem, o veto da Rússia e da China a uma resolução das Nações Unidas que pretendia condenar e impor sanções o regime do presidente sírio Bashar Al-Assad. Também o secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, reagiu ao veto. A Casa Branca ressaltou que Pequim e Moscou terão que assumir as responsabilidades pela decisão e as implicações disso para a população do país árabe.

Washington e Paris, além de outros sete governos não conseguiram aprovar no Conselho de Segurança ações para colocar fim à repressão, iniciada em março, contra os opositores de Al-Assad.

Na justificativa ao veto, os chancelarias chinesa e russa assinalaram que seus países queriam evitar a repetição do equívoco cometido na Líbia. Os dois países destacaram que havia o risco de que se voltasse a cometer o erro da intromissão nos assuntos internos de uma nação, com a tomada de partido por um dos lados envolvidos, em vez de acabar com o conflito e proteger a população civil. O governo sírio, por sua vez, agradeceu o veto dado na terça-feira, logo após a aprovação das sanções, e considerou que esse impedimento ajudou a impedir "injustiças".

Diferenças "O secretário-geral (da ONU, Ban Ki-moon) espera que o Conselho de Segurança supere suas diferenças e encontre uma maneira consensual de responder à situação (na Síria)", enfatizou o porta-voz das Nações Unidas, Martin Nesirky. Ele fez referência ao fato de China e a Rússia, pela condição de membros permanentes do conselho ¿ assim como Estados Unidos, França e Reino Unido ¿, terem a prerrogativa de vetar, ainda que individualmente, a apresentação de resoluções, mesmo que elas contem com um mínimo de apoiadores. A resolução contra a Síria recebeu o voto favorável dos outros três membros permanentes do conselho e de seis integrantes provisórios: Alemanha, Bósnia, Gabão, Colômbia, Nigéria Portugal. O Brasil se absteve.

Nesirky destacou que, para Ban Ki-moon, "a violência na Síria é inaceitável e não pode continuar". De acordo com estimativas da ONU aproximadamente 3 mil civis sírios morreram em protestos nos últimos seis meses. "O Conselho de Segurança fracassou ao enfrentar o desafio moral e as ameaças crescentes à paz internacional com a brutalidade do regime sírio", declarou a porta-voz do Departamento de Estado dos Estados Unidos, Victoria Nuland.

"Advertimos que nos oporíamos firmemente às tentativas de converter o roteiro líbio em una norma", rebateu uma nota do governo da Rússia. Na mesma linha, a China considerou, também em comunicado, que "o texto da resolução apresentada não ajudava em nada".