O Estado de São Paulo, n. 44696, 02/03/2016. Metrópole, p. A13

Agências de 13 países se unem contra a zika

Luísa Martins

Fábio de Castro

Uma força-tarefa entre agências regulatórias de pelo menos 13 países, entre eles o Brasil, foi firmada ontem para acelerar o registro de remédios, exames e vacinas contra o vírus da zika. A expectativa é a de que, após concluídos todos os testes, os produtos cheguem ao mercado em três meses – atualmente, o processo leva no mínimo um ano.

O assunto foi debatido em teleconferência na Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) e é inspirado em uma experiência anterior de cooperação internacional para combater o ebola. A ideia é que as agências regulatórias compartilhem informações e protocolos.

Dessa forma, quando uma empresa solicitar algum registro a uma dessas agências,as fases de testes e os resultados intermediários serão acompanhados também por outros países. Participam do grupo Estados Unidos, Canadá, França, Índia, Coreia do Sul e Cingapura, entre outros.

 

Testes. Considerados essenciais para avaliar a dimensão do surto de zika, os teste sorológicos para diagnóstico do vírus começam a ser importados nesta semana por empresas no Brasil.

Quatro deles já foram aprovados pela Anvisa. De resultado rápido, eles detectam anticorpos produzidos pelo corpo após a infecção e, ao contrário dos testes moleculares, conhecidos como PCR, são capazes de diagnosticar a zika em pessoas que já não têm mais o vírus no organismo. Outra vantagem é o preço: enquanto os moleculares custam cerca de R$ 1.600, os sorológicos saem por R$ 200 – e em alguns o resultado sai em 20 minutos.

De acordo com José Eduardo Levi, professor da USP e chefe do Departamento de Biologia Molecular do Hemocentro de São Paulo, o maior acesso aos testes sorológicos é fundamental do ponto de vista epidemiológico.

 

“Nunca poderemos dimensionar essa epidemia olhando só para testes moleculares.” O problema dos testes importados, no entanto,  é que, por não terem sido desenvolvidos com base em vírus isolados no Brasil, poderão ter “falsos positivos”,por causa de reações cruzadas com outros vírus. “Quando o resultado é negativo, o diagnóstico desses testes é confiável. Mas, quando é positivo, é possível que esteja acusando zika em alguém que teve dengue ou se vacinou contra febre amarela”, afirmou Levi.