Título: Ato acaba esvaziado
Autor: Rizzo, Alana
Fonte: Correio Braziliense, 05/10/2011, Política, p. 3

O que era para ser um ato de reforço ao relatório de reforma política elaborado por Henrique Fontana (PT-RS), acabou por dificultar ainda mais a votação da matéria hoje, na Comissão Especial da Câmara. Todos os governadores convidados para o evento, além do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, cancelaram a participação no encontro pela falta de consenso em torno da proposta. Sem apoio suficiente, a previsão é de que um pedido de vista adie a votação do relatório e os debates se estendam pelas próximas semanas.

O encontro, promovido por Fontana, acabou esvaziado pela ausência das "estrelas" convidadas para pavimentar a aprovação do projeto. Além de Lula, não compareceram os governadores Sérgio Cabral (RJ), Eduardo Campos (PE) e Tarso Genro (RS). A desculpa utilizada por Lula foi a de estar cansado, em razão de viagem feita recentemente para o exterior. O ex-presidente, no entanto, embarca hoje para Nova York para proferir uma palestra a empresários amanhã. Na sexta, ele retorna ao Brasil.

O evento contou com a presença de representantes de partidos da base (PT, PSB, PCdoB, PDT, PV, PMDB), além do PSol e de entidades de classe. No discurso, o presidente da OAB, Ophir Cavalcante, deu o recado aos parlamentares. "Trago um apelo: não frustrem, mais uma vez, a esperança do povo brasileiro de ver uma reforma política", pediu.

Caminho tortuoso A depender do contexto atual das discussões, no entanto, será preciso muito esforço e pressão sobre o projeto até a aprovação em plenário pela Câmara ¿ prevista para a segunda quinzena de novembro. "Lamento constatar que a proposta do relator não representa os anseios que conseguimos encontrar na sociedade. Ela é completamente desassociada do que ouvimos nos diversos debates", criticou o presidente da comissão especial, Almeida Lima (PMDB-SE), que não participou do ato.

Segundo o parlamentar sergipano, o evento seria apenas "mais um" sobre reforma política."Já participei de muitos", justificou. O presidente do PMDB, senador Valdir Raupp (RO), também avaliou como "difícil" o avanço da proposta no Congresso. "Acho que é uma longa caminhada ainda, mas se aprovar da forma que está, no Senado será muito difícil aprovar. Então não vai ter uma vitória", ponderou o senador, que chegou no fim do evento.

No encontro, o deputado Henrique Fontana rebateu as críticas feitas pelos colegas ao texto."Estamos mais uma vez no momento de acúmulo de forças. A turma do contra que não quer a reforma sempre encontra maneiras de bloquear as propostas", reclamou o deputado. "A lista que me preocupa é a lista que os financiadores privados de campanha fazem em salas privadas. Queremos acabar com a cláusula de barreira econômica", acrescentou, ao defender o financiamento público de campanha.