Título: Grécia nega mais aperto
Autor: Martins, Victor
Fonte: Correio Braziliense, 05/10/2011, Economia, p. 10

Atenas ¿ O ministro grego das Finanças, Evangelos Venizelos, contrariou ontem seus colegas da Zona do Euro e disse que a Grécia não precisa adotar novas medidas para reduzir seu deficit orçamentário aos níveis exigidos pelos parceiros europeus e pelo Fundo Monetário Internacional (FMI). Na segunda-feira, reunidos em Luxemburgo, os ministros da União Monetária pediram que o governo grego adote medidas suplementares e mais privatizações para reforçar a disciplina fiscal em 2013 e 2014. O país já avisou que vai reduzir o deficit neste ano, mas sem atingir a meta acertada.

Venizelos, no entanto, afirmou que as providências já adotadas por Atenas ¿ entre as quais a possibilidade de demissão de 30 mil funcionários públicos ¿ já são suficientes para mudar o ambiente econômico e a relação com os credores. "Não são necessárias novas medidas, desde que as que já foram anunciadas sejam aplicadas", afirmou, após retornar do encontro. Apesar da avaliação do ministro, os países da Zona do Euro adiaram do próximo dia 13 para meados de novembro a liberação de uma parcela de 8 bilhões de euros do plano de socorro à Grécia aprovado em 2010.

O adiamento deve aumentar as pressões para que o governo grego amplie as medidas de arrocho, o que tem se tornado cada vez mais difícil, contudo, diante da crescente reação popular aos cortes orçamentários. Ontem, funcionários públicos bloquearam o acesso a diversos ministérios para protestar contra as seguidas exigências dos credores. Hoje, uma greve geral deverá interromper o tráfego de aviões e trens, escolas serão fechadas e hospitais terão equipe limitada.

Na segunda-feira, os inspetores da União Europeia, do Banco Central Europeu e do FMI que estão revisando as contas da Grécia pediram ao Ministério do Trabalho que reexamine os convênios coletivos do setor privado, com o objetivo de diminuir o salário mínimo, atualmente de 750 euros. Segundo a rede pública de tevê Net, o primeiro-ministro Giorgios Papandreou se opõe à medida. "Não vamos nos transformar na Índia", teria dito o mandatário grego.