Título: Setor registra 80% dos acidentes
Autor: D"angelo, Ana ; Neri, Márcia
Fonte: Correio Braziliense, 05/10/2011, Economia, p. 15

Sindicalistas, pesquisadores e o representante do Ministério Público do Trabalho criticaram a terceirização de mão de obra e alertaram para o seu alto custo social, durante audiência pública no Tribunal Superior do Trabalho (TST). Levantamento do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese) e da Central Única dos Trabalhadores (CUT), com base em dados oficiais do Ministério do Trabalho, revela que, de cada 10 empregados acidentados, oito são terceirizados. Eles correspondem a 25,5% da força de trabalho. No setor elétrico, o índice de mortes entre eles é seis vezes maior que entre os contratados diretamente.

Entre 1995 e 2010, houve 283 mortes por acidentes de trabalho na Petrobras, das quais 228 foram de profissionais terceirizados ¿ 80% do total. Os salários desses profissionais são, em média, 27% menores que os dos trabalhadores contratados diretamente e a jornada de trabalho, maior, de acordo com os dados do Dieese. A taxa de rotatividade entre eles é de 80%.

Epidemia A cientista social Maria da Graça Druck de Faria, do Centro de Pesquisa da Universidade Federal da Bahia, disse que a terceirização de mão de obra se tornou "uma epidemia sem controle que cresce vertiginosamente e sem limites", expandindo-se para todos os setores.

A representante do Sindicato Nacional dos Auditores Fiscais do Trabalho (Sinait), Rosângela Silva Rassy, disse que as ações fiscais comprovam o prejuízo dos trabalhadores terceirizados e que os setores com maior número desses profissionais são a indústria de confecção, a agricultura e a construção civil. Segundo ela, as grandes obras do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) têm "contribuído muito" para agravar essa situação, que pode piorar ainda mais com a realização de grandes obras para a a Copa do Mundo e as Olimpíadas. (AD)

Ações O presidente da Associação Nacional dos Procuradores do Trabalho (ANPT), Sebastião Vieira Caixeta, informou que já foram ajuizadas 1.509 ações civis públicas e assinados 2,4 mil termos de conduta decorrentes de descumprimento de legislação trabalhista pelas empresas terceirizadas. "Essa modalidade de contratação não cria emprego, só substitui", disse. Hoje, acontece o segundo dia da audiência pública no TST, com exposição de empresários de várias atividades e de dirigentes sindicais.