O Estado de São Paulo, n. 44745, 20/04/2016. Política, p. A7

ARMINIO RECUSOU CONVITE, AFIRMA AÉCIO

Ex-presidente do BC avisa Temer que não aceita assumir Fazenda; ganha força o nome de Henrique Meirelles para comandar a área econômica
Por: Erich Decat / Fernando Dantas / Murilo Rodrigues Alves / Adriana Fernandes

 

O senador Aécio Neves (MG), presidente nacional do PSDB, afirmou ontem que o ex-presidente do Banco Central Armínio Fraga recusou convite de Michel Temer para ocupar o Ministério da Fazenda, caso Dilma Rousseff venha a ser impedida de concluir o atual mandato. A decisão evidenciou as dificuldades do vice em definir uma agenda para a economia.

Com a recusa de Armínio Fraga, o nome de Henrique Meirelles, também ex-presidente do BC, ganhou força entre os auxiliares de Temer. De acordo com o Jornal Nacional da TV Globo, o vice telefonou para Meirelles, que está no exterior, e combinou um encontro com ele.

A conversa entre Arminio e Temer girou em torno de grandes linhas de política econômica, com ênfase na meritocracia e no documento Ponte para o Futuro, do PMDB.

Arminio é admirador de diversos nomes que vêm sendo cogitados para comandar a economia se Temer vier a ser presidente, como o do próprio Henrique Meirelles, de Murilo Portugal, presidente da Febraban, do senador José Serra (PSDB-SP) e do governador do Espírito Santo, Paulo Hartung.

Arminio não se colocou na posição de indicar quadros para Temer. Mas o ex-presidente do BC considera que, se algum daqueles nomes de peso for para o Ministério da Fazenda, há toda uma nova geração de economistas de excelente formação que poderia ser recrutada. A tarefa do novo ministro e seus colaboradores, porém, será árdua.Um interlocutor do ex-presidente do BC diz que ele se referiu à economia que Temer herdará como “terra arrasada”.

O ex-secretário de Política Econômica do Ministério da Fazenda e presidente do Insper, Marcos Lisboa, negou ontem que tenha sido sondado e que vá participar de um eventual governo Temer. Após participar de audiência pública na Comissão de Assuntos Econômicos do Senado, Lisboa afirmou que não teve contato com a equipe do vice. “Não fui sondado e não vou participar.”

 

Tucanos. “Houve a negativa (por parte do Arminio de participar de um futuro governo) até para não deixar as especulações crescerem. Mas ele está disposto a ajudar”, afirmou Aécio. “Vamos correr riscos, claro, de apoiar um governo que não é nosso.

Mas o consenso da bancada do PSDB é de que esse é o governo do PMDB, não é do PSDB. Temos que nos preparar para lutar para chegar à Presidência pela via eleitoral de 2018”, disse ele. Conforme revelou ontem o Estado, Temer quer contar com a ajuda de Serra, seja num superministério para a infraestrutura, na Saúde, no Itamaraty ou até mesmo na Fazenda.

Segundo Aécio, no jantar com Temer anteontem, Arminio falou sobre a necessidade de uma reforma na área da Previdência a mudanças do sistema de subsídios. Para a cúpula do PSDB, Temer tem de acelerar as discussões em torno da formação da equipe ministerial para dar um sinal positivo à sociedade. / ERICH DECAT, FERNANDO DANTAS, MURILO RODRIGUES ALVES e ADRIANA FERNANDES