Título: Voo solo, por enquanto
Autor: Rothenburg, Denise
Fonte: Correio Braziliense, 09/10/2011, Política, p. 6

Com base no total de prefeitos e deputados federais filiados, PSD descarta discutir fusões com outras legendas

Impressionado com os números alcançados nos últimos dias, o comando do PSD jogou ao mar a proposta de fusão ou mesmo bloco de atuação parlamentar com o PSB do governador de Pernambuco, Eduardo Campos. "Hoje, isso não tem mais sentido. Eles têm menos deputados do que nós e menos prefeitos. Ficamos maiores do que eles", afirma o secretário-geral do PSD, Saulo Queiroz. A formação do bloco parlamentar também está rejeitada, mas por outros motivos: "Vamos manter aquilo que já foi dito: independência em relação ao governo federal. Um bloco com o PSB nos incorpora à base do governo federal e não queremos isso", comenta.

A hipótese de fusão com o PSB foi levantada em fevereiro deste ano, numa série de reuniões entre o prefeito de São Paulo, Gilberto Kassab, e o governador de Pernambuco, Eduardo Campos. Naquele período, Kassab calculava que chegaria a algo entre 15 e 20 deputados e um punhado de prefeitos. Ontem, quando analisaram os números ¿ o levantamento final ficará pronto apenas na quarta-feira ¿, os comandantes do PSD perceberam que a colheita foi mais produtiva do que esperavam: o PSD fechará esse período de filiações com uma base de 600 prefeitos (um pouco abaixo ou acima desse patamar). Os socialistas não chegam a 300.

O número de deputados federais deve chegar a 55, o que transformará o partido de Kassab na terceira bancada da Câmara e não a quarta, como foi projetado há cerca de 15 dias. O PSDB tinha 53. Esta semana perdeu dois: Manoel Salviano (CE) e Wellington Santos (MA). Os dois agora são do PSD.

Apesar do crescimento exponencial, o PSD não pretende avançar o sinal perante àqueles que lhe ajudaram a atravessar esse período de dúvidas sobre o tamanho do novo partido. No Rio de Janeiro, por exemplo, cumprirá à risca o acordo de apoiar a reeleição do prefeito Eduardo Paes, do PMDB. Em Salvador, apoiará o nome que for indicado pelo governador Jaques Wagner, do PT. Hoje, o nome mais cotado é o do deputado Nelson Pelegrino (PT-BA).

Em Pernambuco, entretanto, o PSD "muda o chip" do PT para o PSB. Capitaneado pelo ex-DEM André de Paula, o partido de Kassab seguirá o que for acertado pelo PSB de Eduardo Campos. Se for para lançar a candidatura do ministro da Integração Nacional, Fernando Bezerra Coelho, a prefeito, o PSD estará junto nesse projeto. Lá, PSD e PSB formarão inclusive um bloco parlamentar na Câmara Municipal de Recife e, assim, conquistar a maior bancada. O mesmo vale para o Ceará de Cid Gomes. Ou seja, nos estados jogará aliado a quem lhe auxiliou no crescimento.

Sucessão Quanto a São Paulo, a maior cidade do país, que vale pontos para a sucessão de 2014, o PSD hoje só tem uma certeza: a de que terá candidato próprio. O partido considera emblemático lançar um nome da sua lavra à sucessão de Gilberto Kassab no primeiro turno. Por isso, a correria pela filiação do ex-presidente do Banco Central Henrique Meirelles no último dia ao PSD. Meirelles só não será candidato se o vice-governador Guilherme Afif Domingos resolver ser candidato, o que é improvável. A ideia é não precipitar desavenças ou confrontos diretos desde já. Afinal, ali, na sua cidade, Kassab julga que não deve nada a ninguém. A não ser José Serra, que jurou não ser candidato a prefeito. Agora, ainda que Serra volte atrás e reveja essa posição, Kassab dirá ao antecessor o mesmo que diz hoje a Eduardo Campos: "Hoje não faz mais sentido".