O Estado de São Paulo, n. 44743, 18/04/2016. Política, p. A4

CÂMARA APROVA IMPEACHMENT DE DILMA; PRESIDENTE DIZ QUE VAI LUTAR NO SENADO

Oposição obtém vitória expressiva no plenário da Casa e escancara o isolamento político da presidente, que agora terá o processo de afastamento analisado pelos senadores; o resultado foi comemorado com fogos e panelaços; derrotados se dizem vítima de um ‘golpe’

 

A Câmara dos Deputados aprovou ontem o prosseguimento (admissibilidade) do processo de impeachment da presidente Dilma Rousseff no Congresso. A oposição reuniu 367 votos (eram necessários 342) . A larga vantagem dimensiona o isolamento político da petista na Casa. Apesar de ter oferecido cargos em troca de votos, Dilma obteve 137 apoios para travar o impedimento.

Apenas PT, PC do B e PSOL permaneceram totalmente fiéis ao lado do governo na votação de ontem, que começou às 17h46 e terminou às 23h48. Na madrugada de hoje, o advogado-geral da União, José Eduardo Cardozo, afirmou que Dilma não renunciará e lutará no Senado para manter o mandato. Segundo ele, a decisão do plenário foi um “golpe” na democracia.

O presidente do PSDB, senador Aécio Neves (MG), afirmou que o resultado foi uma “vitória da democracia”. Houve comemoração nas principais cidades do País, com panelaços, fogos de artifício e passeatas. O plenário da Câmara referendou o relatório de Jovair Arantes (PTB-GO) pelo julgamento de Dilma no Senado, sob suspeita crime de responsabilidade. De acordo com o relator, a presidente desrespeitou a lei na abertura de créditos suplementares sem autorização do Congresso e tomou emprestados recursos do Banco do Brasil para pagar benefícios do Plano Safra, nas pedaladas fiscais. Dilma nega ter cometido crime. A sessão foi presidida por Eduardo Cunha (PMDB-RJ), réu no Supremo Tribunal Federal (STF) por causa das revelações da Operação Lava Jato.

A partir de agora, segundo o rito do impeachment determinado pelo STF, o processo será analisado pelos senadores. O vice-presidente, Michel Temer (PMDB), acompanhou a votação no Palácio do Jaburu, junto de aliados. De acordo com o STF, Temer só assumirá o cargo se Dilma renunciar ou após o Senado considerar a denúncia admissível e decidir que ela precisa ser afastada por até 180 dias, período no qual deve ocorrer o julgamento final da presidente na Casa, composta por 81 senadores. A previsão é de que esta etapa do processo dure ao menos até a primeira quinzena do mês que vem.Ontem, o Placar do Impeachment no Senado do Estado mostrava que a situação é desfavorável ao governo: 45 favoráveis ao impeachment e 21 contra o afastamento da presidente.