O Estado de São Paulo, n. 44743, 18/04/2016. Política, p. A18

Impeachment tem maioria no Senado

Conforme placar do ‘Estado’, 44 senadores já se declararam favoráveis ao afastamento de Dilma, três votos a mais do que o mínimo necessário
Por: Pedro Venceslau / Valmar Hupsel Filho

 

Pedro Venceslau

Valmar Hupsel Filho

ENVIADOS ESPECIAIS / BRASÍLIA

 

 

Com a aprovação da Câmara pela continuidade do processo de impeachment da presidente Dilma Rousseff, a próxima etapa é o encaminhamento do caso para o Senado. Levantamento do Estado mostra que já há 45 senadores favoráveis à abertura de processo por crime de responsabilidade.

Vinte e um se declararam contrários. Seis parlamentares se disseram indecisos e 9 não quiseram se manifestar. Para que o processo seja admitido e aberto no Senado são necessários 41 votos.

A senadora Ana Amélia (PPRS) é, hoje,o nome mais cotado para presidir a Comissão Especial que avaliará o caso. Ela já se declarou a favor do impeachment.

Ministros do “núcleo duro” do Planalto calculam que o governo tem, hoje, 28 dos 81 votos no plenário.

 

No levantamento, o PSDB é o partido com a maior quantidade de senadores favoráveis ao afastamento da petista, com 11 nomes. Já no PMDB, do vice-presidente Michel Temer, nove se declararam a favor do processo, três contra, três se disseram indecisos e três não quiseram se manifestar. Na Casa, o PT é o único partido no qual todos os parlamentares são contrários ao afastamento da petista.

A partir da aprovação da abertura de processo pela Câmara, as atenções dos movimentos pró-impeachment se voltam para o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL). “Agora a pressão é total em cima de Renan”, disse ontem um dos coordenadores nacionais do Movimento Brasil Livre, Renan Santos.

A intenção é fazer com que o peemedebista conduza o processo com celeridade, para que a votação na Casa ocorra até dia 11 de maio.

 

'Biografia'. No sábado, Renan disse a oposicionistas que não iria “manchar” sua biografia ao ser questionado se aceleraria o processo de impedimento de Dilma na Casa.

A mesma frase foi dita naquela noite por ele quando convidou à residência oficial senadores do PT e aliados de Dilma.

Com a aprovação do pedido na Câmara, Renan passa a ser o “árbitro”do impeachment,tendo poderes para ditar o ritmo do processo que opõe os dois principais personagens da crise: o vice-presidente Michel Temer e Dilma – que demitiu do governo todos os indicados pelo peemedebista.

Os líderes de oposição na Câmara temem que os governistas e o PT tentem “tumultuar” o processo nos 180 dias de duração máxima do afastamento de Dilma. “Vão tentar desestabilizar o começo do governo Michel Temer e provavelmente dificultarão a aprovação de projetos. Michel Temer terá que mostrar habilidade para dar respostas rápidas e se firmar, caso contrário o cenário pode virar no Senado nos próximos seis meses”, diz o deputado Silvio Torres (PSDB-SP), secretário-geral do PSDB.

Já o deputado Ivan Valente (PSOL-SP), que votou contra o impeachment na Câmara não acredita em uma reversão do resultado do processo no Senado. Os senadores terão de decidir se instauram o processo de impeachment e afastam a presidente Dilma do cargo. “Eu acho que não é possível reverter no Senado porque os partidos reclamaram questão”, disse o parlamentar do PSOl.

Valente criticou o envolvimento de líderes do PMDB na Operação Lava Jato e disse que o nome de Temer não teria respaldo da sociedade.

“Ele, Temer, também é rejeitado. Vamos viver o momento do impasse e o PSOL se declara em oposição radical a esse conluio que foi feito para esse atalho de chegada ao poder”, disse Valente.

 

Desolado . Ontem, o líder do governo no Senado, Humberto Costa (PT-PE), admitiu a dificuldade do governo desolado em um canto do plenário. “Não é fácil reverter, neste momento, no Senado. O que deu errado já vem dando há muito tempo. Vamos baixar a poeira e pensar no que fazer”, lamentava o parlamentar .

Já o líder do governo na Câmara, José Guimarães (PT-CE), admitiu em uma coletiva que o governo sofreu uma “derrota momentânea”, mas que “a luta está apenas começando”. “A derrota é momentânea, as ruas estão conosco e temos condições de virar o jogo no Senado. Essa é uma agressão à legalidade democrática”, disse Guimarães.

Ainda segundo o líder, começará hoje uma “guerra prolongada”. O deputado petista descartou durante a entrevista que o governo vá adotar a tese de convocar eleições gerais.

Na noite de ontem, diante da derrota na Câmara, parlamentares do governo foram chamados ao Planalto para tentar unificar o discurso de que a derrota é momentânea e que o governo continuará lutando para derrotar o impeachment no Senado.

 

Placar do Impeachment no Senado

 

45 A FAVOR DO IMPEACHMENT

6 Indecisos

9 NÃO QUISERAM RESPONDER

21 CONTRA O IMPEACHMENT

SÃO 41 NECESSÁRIOS PARA A ADMISSIBILIDADE DO PROCESSO

81 É O TOTAL DE SENADORES No Senado são necessários 41 votos para a admissibilidade do processo na Casa. Em uma outra etapa de votação, o pedido de impeachment precisa de dois terços (54) dos senadores para ser aprovado

 

 

A FAVOR

Davi Alcolumbre

DEM – AP

José Agripino

DEM - RN

Ricardo Franco

DEM - SE

Ronaldo Caiado

DEM - GO

Lasier Martins

PDT - RS

Dario Berger

PMDB – SC

Garibaldi Alves Filho

PMDB - RN

Marta Suplicy

PMDB - SP

Romero Jucá

PMDB - RR

Rose de Freitas

PMDB - ES

Simone Tebet

PMDB - MS

Valdir Raupp

PMDB – RO

Waldemir Moka

PMDB - MS

Ana Amélia

PP - RS

Gladson Cameli

PP - AC

Ivo Cassol

PP - RO

Wilder Morais

PP - GO

Blairo Maggi

PR – MT

Magno Malta

PR - ES

Marcelo Crivella

PRB - RJ

Antonio C. Valadares

PSB - SE

Fernando B. Coelho

PSB - PE

Lúcia Vânia

PSB - GO

Romário

PSB – RJ

Eduardo Amorim

PSC - CE

José Medeiros

PSD - MT

Sérgio Petecão

PSD - AC

Aécio Neves

PSDB - MG

Aloysio Nunes

PSDB - SP

Antonio Anastasia

PSDB – MG

Ataídes Oliveira

PSDB - TO

Cassio Cunha Lima

PSDB - PB

Dalirio Beber

PSDB - SC

Flexa Ribeiro

PSDB - PA

José Serra

PSDB - SP

Paulo Bauer

PSDB – SC

Ricardo Ferraço

PSDB - ES

Tasso Jereissati

PSDB - CE

Zezé Perrella

PTB - MG

Alvaro Dias

PV - PR

Delcídio Amaral

s/partido - MS

Reguffe

s/partido – DF

José Maranhão

PMDB – PB

Cristovam Buarque

PPS – DF

Ciro Nogueira

PP - PI

 

CONTRA

Vanessa Grazziotin

PC do B - AM

Telmário Mota

PDT - RR

João Alberto Souza

PMDB - MA

Roberto Requião

PMDB - PR

Vicentinho Alves

PR - TO

Angela Portela

PT – RR

Donizete Nogueira

PT - TO

Fátima Bezerra

PT - RN

Gleisi Hoffmann

PT - PR

Humberto Costa

PT - PE

Jorge Viana

PT - AC

José Pimentel

PT – CE

Lindbergh Farias

PT - RJ

Paulo Rocha

PT - PA

Paulo Paim

PT - RS

Regina Sousa

PT - PI

Douglas Cintra

PTB – PE

Sandra Braga

PMDB – AM

Lídice da Mata

PSB – BA

João Capiberibe

PSB – AP

Randolfe Rodrigues

REDE – AP

 

INDECISOS

Edison Lobão

PMDB - MA

Hélio José

PMDB - DF

Raimundo Lira

PMDB - PB

Wellington Fagundes

PR - MT

Omar Aziz

PSD – AM

Benedito De Lira

PP - AL

 

NÃO QUISERAM RESPONDER

Renan Calheiros

PMDB - AL

Roberto Rocha

PSB - MA

Otto Alencar

PSD - BA

Elmano Férrer

PTB – PI

Walter Pinheiro

s/partido – BA

Acir Gurgazz

PDT - RO

Jader Barbalho

PMDB – PA

Eunício Oliveira

PMDB - CE

Fernando Collor

PTC - AL