Pedro Venceslau
Valmar Hupsel Filho
ENVIADOS ESPECIAIS / BRASÍLIA
Com a aprovação da Câmara pela continuidade do processo de impeachment da presidente Dilma Rousseff, a próxima etapa é o encaminhamento do caso para o Senado. Levantamento do Estado mostra que já há 45 senadores favoráveis à abertura de processo por crime de responsabilidade.
Vinte e um se declararam contrários. Seis parlamentares se disseram indecisos e 9 não quiseram se manifestar. Para que o processo seja admitido e aberto no Senado são necessários 41 votos.
A senadora Ana Amélia (PPRS) é, hoje,o nome mais cotado para presidir a Comissão Especial que avaliará o caso. Ela já se declarou a favor do impeachment.
Ministros do “núcleo duro” do Planalto calculam que o governo tem, hoje, 28 dos 81 votos no plenário.
No levantamento, o PSDB é o partido com a maior quantidade de senadores favoráveis ao afastamento da petista, com 11 nomes. Já no PMDB, do vice-presidente Michel Temer, nove se declararam a favor do processo, três contra, três se disseram indecisos e três não quiseram se manifestar. Na Casa, o PT é o único partido no qual todos os parlamentares são contrários ao afastamento da petista.
A partir da aprovação da abertura de processo pela Câmara, as atenções dos movimentos pró-impeachment se voltam para o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL). “Agora a pressão é total em cima de Renan”, disse ontem um dos coordenadores nacionais do Movimento Brasil Livre, Renan Santos.
A intenção é fazer com que o peemedebista conduza o processo com celeridade, para que a votação na Casa ocorra até dia 11 de maio.
'Biografia'. No sábado, Renan disse a oposicionistas que não iria “manchar” sua biografia ao ser questionado se aceleraria o processo de impedimento de Dilma na Casa.
A mesma frase foi dita naquela noite por ele quando convidou à residência oficial senadores do PT e aliados de Dilma.
Com a aprovação do pedido na Câmara, Renan passa a ser o “árbitro”do impeachment,tendo poderes para ditar o ritmo do processo que opõe os dois principais personagens da crise: o vice-presidente Michel Temer e Dilma – que demitiu do governo todos os indicados pelo peemedebista.
Os líderes de oposição na Câmara temem que os governistas e o PT tentem “tumultuar” o processo nos 180 dias de duração máxima do afastamento de Dilma. “Vão tentar desestabilizar o começo do governo Michel Temer e provavelmente dificultarão a aprovação de projetos. Michel Temer terá que mostrar habilidade para dar respostas rápidas e se firmar, caso contrário o cenário pode virar no Senado nos próximos seis meses”, diz o deputado Silvio Torres (PSDB-SP), secretário-geral do PSDB.
Já o deputado Ivan Valente (PSOL-SP), que votou contra o impeachment na Câmara não acredita em uma reversão do resultado do processo no Senado. Os senadores terão de decidir se instauram o processo de impeachment e afastam a presidente Dilma do cargo. “Eu acho que não é possível reverter no Senado porque os partidos reclamaram questão”, disse o parlamentar do PSOl.
Valente criticou o envolvimento de líderes do PMDB na Operação Lava Jato e disse que o nome de Temer não teria respaldo da sociedade.
“Ele, Temer, também é rejeitado. Vamos viver o momento do impasse e o PSOL se declara em oposição radical a esse conluio que foi feito para esse atalho de chegada ao poder”, disse Valente.
Desolado . Ontem, o líder do governo no Senado, Humberto Costa (PT-PE), admitiu a dificuldade do governo desolado em um canto do plenário. “Não é fácil reverter, neste momento, no Senado. O que deu errado já vem dando há muito tempo. Vamos baixar a poeira e pensar no que fazer”, lamentava o parlamentar .
Já o líder do governo na Câmara, José Guimarães (PT-CE), admitiu em uma coletiva que o governo sofreu uma “derrota momentânea”, mas que “a luta está apenas começando”. “A derrota é momentânea, as ruas estão conosco e temos condições de virar o jogo no Senado. Essa é uma agressão à legalidade democrática”, disse Guimarães.
Ainda segundo o líder, começará hoje uma “guerra prolongada”. O deputado petista descartou durante a entrevista que o governo vá adotar a tese de convocar eleições gerais.
Na noite de ontem, diante da derrota na Câmara, parlamentares do governo foram chamados ao Planalto para tentar unificar o discurso de que a derrota é momentânea e que o governo continuará lutando para derrotar o impeachment no Senado.
Placar do Impeachment no Senado
45 A FAVOR DO IMPEACHMENT
6 Indecisos
9 NÃO QUISERAM RESPONDER
21 CONTRA O IMPEACHMENT
SÃO 41 NECESSÁRIOS PARA A ADMISSIBILIDADE DO PROCESSO
81 É O TOTAL DE SENADORES No Senado são necessários 41 votos para a admissibilidade do processo na Casa. Em uma outra etapa de votação, o pedido de impeachment precisa de dois terços (54) dos senadores para ser aprovado
A FAVOR
Davi Alcolumbre
DEM – AP
José Agripino
DEM - RN
Ricardo Franco
DEM - SE
Ronaldo Caiado
DEM - GO
Lasier Martins
PDT - RS
Dario Berger
PMDB – SC
Garibaldi Alves Filho
PMDB - RN
Marta Suplicy
PMDB - SP
Romero Jucá
PMDB - RR
Rose de Freitas
PMDB - ES
Simone Tebet
PMDB - MS
Valdir Raupp
PMDB – RO
Waldemir Moka
PMDB - MS
Ana Amélia
PP - RS
Gladson Cameli
PP - AC
Ivo Cassol
PP - RO
Wilder Morais
PP - GO
Blairo Maggi
PR – MT
Magno Malta
PR - ES
Marcelo Crivella
PRB - RJ
Antonio C. Valadares
PSB - SE
Fernando B. Coelho
PSB - PE
Lúcia Vânia
PSB - GO
Romário
PSB – RJ
Eduardo Amorim
PSC - CE
José Medeiros
PSD - MT
Sérgio Petecão
PSD - AC
Aécio Neves
PSDB - MG
Aloysio Nunes
PSDB - SP
Antonio Anastasia
PSDB – MG
Ataídes Oliveira
PSDB - TO
Cassio Cunha Lima
PSDB - PB
Dalirio Beber
PSDB - SC
Flexa Ribeiro
PSDB - PA
José Serra
PSDB - SP
Paulo Bauer
PSDB – SC
Ricardo Ferraço
PSDB - ES
Tasso Jereissati
PSDB - CE
Zezé Perrella
PTB - MG
Alvaro Dias
PV - PR
Delcídio Amaral
s/partido - MS
Reguffe
s/partido – DF
José Maranhão
PMDB – PB
Cristovam Buarque
PPS – DF
Ciro Nogueira
PP - PI
CONTRA
Vanessa Grazziotin
PC do B - AM
Telmário Mota
PDT - RR
João Alberto Souza
PMDB - MA
Roberto Requião
PMDB - PR
Vicentinho Alves
PR - TO
Angela Portela
PT – RR
Donizete Nogueira
PT - TO
Fátima Bezerra
PT - RN
Gleisi Hoffmann
PT - PR
Humberto Costa
PT - PE
Jorge Viana
PT - AC
José Pimentel
PT – CE
Lindbergh Farias
PT - RJ
Paulo Rocha
PT - PA
Paulo Paim
PT - RS
Regina Sousa
PT - PI
Douglas Cintra
PTB – PE
Sandra Braga
PMDB – AM
Lídice da Mata
PSB – BA
João Capiberibe
PSB – AP
Randolfe Rodrigues
REDE – AP
INDECISOS
Edison Lobão
PMDB - MA
Hélio José
PMDB - DF
Raimundo Lira
PMDB - PB
Wellington Fagundes
PR - MT
Omar Aziz
PSD – AM
Benedito De Lira
PP - AL
NÃO QUISERAM RESPONDER
Renan Calheiros
PMDB - AL
Roberto Rocha
PSB - MA
Otto Alencar
PSD - BA
Elmano Férrer
PTB – PI
Walter Pinheiro
s/partido – BA
Acir Gurgazz
PDT - RO
Jader Barbalho
PMDB – PA
Eunício Oliveira
PMDB - CE
Fernando Collor
PTC - AL