O Estado de São Paulo, n. 44741, 16/04/2016. Política, p. A4

PLANALTO FREIA DEBANDADA ÀS VÉSPERAS DA VOTAÇÃO; OPOSIÇÃO SE DIZ CONFIANTE

Com a ajuda de governadores e do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, o Planalto conseguiu estancar a perda de apoios iniciada na terça-feira, mas o Placar do Impeachment indicava que os opositores de Dilma mantinham votos necessários para o afastamento dela

 

O governo conseguiu ontem, com a ajuda de seis governadores, estancar a debandada de votos de deputados iniciada na terça-feira passada com a saída do PP da base. A oposição, no entanto, permaneceu, segundo o Placar do Impeachment do Estado, com o total de apoios necessários para aprovar o impeachment da presidente Dilma Rousseff na sessão prevista para amanhã, no plenário da Câmara. Às 17 horas de ontem, o placar alcançou 347 posicionamentos pró-impeachment. Esse número, no entanto, foi caindo e, até a conclusão desta edição, eram três votos favoráveis à saída da petista a menos. O placar do Estado contabilizou, até as 00h30, 344 votos pelo afastamento de Dilma.

Apesar do esforço concentrado dos governistas, a oposição à presidente ainda se diz confiante de que o impeachment será aprovado amanhã. O deputado Lúcio Vieira Lima (PMDB-BA) rechaçou a tese de que se trata de uma onda a favor do governo. “Eles conseguiram apenas um voto e dizem que foram muitos. Se você quiser, posso te dizer também que consegui mais 50 votos”, disse. De acordo com líderes oposicionistas, o assédio do Palácio do Planalto aos deputados inclui promessas de cargos e cobranças de compromissos assumidos no passado. Na Câmara, teve início nesta ontem a primeira sessão que debaterá e analisará o impeachment de Dilma. A votação deve ocorrer amanhã à noite.

Dilma cancelou um pronunciamento que faria ontem à noite em cadeia de rádio e televisão. Ela foi aconselhada a desistir por questões jurídicas e pelo temor de um novo panelaço. No vídeo, que seria divulgado nas redes sociais, a presidente disse que a palavra golpe estará estampada na testa dos deputados que votarem a favor do afastamento. “Podem justificar a si mesmos, mas nunca poderão olhar nos olhos da Nação, porque a palavra golpe estará para sempre gravada na testa dos traidores da democracia.” Segundo parlamentares que estiveram com Lula nesta sexta em um hotel de Brasília, o ex-presidente tem feito uma avaliação “realista” sobre a votação e não dá a disputa por perdida, mas reconhece grande dificuldade.

 

CLIMA DE DECISÃO

1. Pessoas brincam no ‘Muro do impeachment’ em Brasília;

2. Sessão do plenário da Câmara durante debate do processo de afastamento da presidente Dilma Rousseff;

3. Relator do processo de impeachment, deputado Jovair Arantes, do PTB-GO, tira selfie;

4. Dilma durante cerimônia de assinatura de concessão de terras da União no Estado do Amapá, no Palácio do Planalto