Correio braziliense, n. 19316, 14/04/2016. Política, p. 6

Efeito manada de partidos desidrata a base aliada do Planalto

O PSD, de Kassab, ministro das Cidades, diz que bancada será orientada a votar a favor do impeachment de Dilma. PTB anunciou a mesma decisão

 Marcella Fernandes, Naira Trindade

Marcelo Camargo/AgĂȘncia Brasil - 5/1/15

Ministro da Integração Nacional, Occhi, entregou carta de demissão



Um dia após o PP deixar o governo, o PSD, também da base de apoio do Palácio do Planalto, anunciou que vai orientar a bancada na Câmara dos Deputados a votar a favor do impeachment da presidente Dilma Rousseff. A estimativa é de que 30 integrantes concordem com o afastamento. Deputados que votarem a favor do governo, contudo, não serão punidos. A bancada do PTB, com 19 deputados em exercício, anunciou a mesma posição. Já o PDT, com 20 integrantes, fechou questão a favor do Planalto. Na terça-feira, o PRB decidiu apoiar o impeachment.

O número do PSD leva em conta que dois deputados federais licenciados retomariam os postos para votação em plenário. André de Paula é secretário das Cidades em Pernambuco e Reinhold Stephanes, secretário de Administração e da Previdência no Paraná. Com os dois, a bancada chega a 38 integrantes. Os outros oito seriam pró-governo ou indecisos. “Vai ter orientação favorável à admissibilidade (do processo de impeachment), mas respeitando a posição de quem vota contra”, afirmou o líder do PSD, deputado Rogério Rosso (DF).

Presidente da comissão especial do impeachment, Rosso votou na segunda-feira contra o governo, assim como Marcos Montes (MG). No colegiado, Paulo Magalhães (BA) votou contra o impedimento. Rosso negou qualquer pressão sobre o presidente da sigla e ministro das Cidades, Gilberto Kassab. “O ministro respeitou a nossa soberania, como bancada. E a bancada não cobra do ministro Kassab outra posição porque isso é uma decisão do ministro e da executiva. O ministro fica totalmente à vontade”, afirmou.

No PMDB, deputados da bancada de Minas Gerais anunciaram posição a favor do impedimento. Segundo o deputado Leonardo Quintão, seis dos sete integrantes do grupo apoiam a saída da petista. Eles pressionam para que o sétimo integrante, o ministro da Aviação Civil, Mauro Lopes, volte ao cargo de deputado para votar a favor do afastamento. Até o momento, Lopes apoia o governo. “Ele não pode fazer isso com o PMDB e com o Michel (Temer, vice-presidente)”, disse Quintão. O suplente de Lopes é do PT.