O Estado de São Paulo, n. 44740, 15/04/2016. Política, p. A5

Aliados de vice cobram celeridade no Senado

Para grupo de Temer, ideal é que Renan acelere tramitação e evite mais incerteza
Por: Ricardo Brito

 

Ricardo Brito / BRASÍLIA

 

Aliados do vice-presidente Michel Temer pressionam o Presidente do SenadoRenan Calheiros (PMDB-AL),a adotar uma espécie de rito acelerado para que a Casa decida o quanto antes afastar a presidente Dilma Rousseff se a Câmara autorizar no domingo a abertura de processo contra a petista. Interlocutores do vice acreditam que, quanto maior o tempo para que o Senado decida sobre a saída temporária de Dilma durante o julgamento, maior será o risco de incertezas principalmente para a economia.

Cabe ao Senado definir, em votação no plenário por maioria simples, se autoriza a abertura do processo de impeachment de Dilma aprovada pela Câmara e, consequentemente, determinar o afastamento da presidente por até 180 dias, para que ela seja julgada pelo crime de responsabilidade. Temer só assumirá a Presidência com poderes de fazer nomeações e propor projetos ao Congresso a partir dessa decisão.

“Quanto menor for este hiato, melhor para o País. No fundo vai ficar uma zona cinzenta da presidente que foi desautorizada pela Câmara”, afirmou ao Estado o presidente em exercício do PMDB e aliado do vice, senador Romero Jucá (RR), defensor de uma solução em no máximo 15 dias. “É menos instabilidade. Se o governo está travado agora, imagine neste período?”, questionou.

O raciocínio de aliados de Temer parte do pressuposto de que, após passar pela Câmara, o Senado não resistiria a barrar a abertura do processo. A demora em afastá-la, por esse raciocínio, não ajudaria em nada.

Pelo Placar do Impeachment no Senado publicado pelo Estado, já há uma maioria de senadores favoráveis ao afastamento da presidente: dos 81 parlamentares da Casa, 43 são a favor, 18 são contra, 11 não quiseram responder e 9 estão indecisos.

 

Cronograma. Renan ainda não fechou o calendário de apreciação do impeachment no Senado, mas a assessoria do peemedebista já faz simulações de cronograma em que aponta o dia 11 de maio como provável data para votação da instauração do processo e afastamento de Dilma em plenário. Ou seja, haveria um intervalo de 24 dias entre a decisão dos deputados e uma manifestação dos senadores.

O Presidente do Senado reafirmou na quarta-feira à noite a senadores do PT e de partidos aliados a Dilma que não vai tomar qualquer atitude para acelerar o rito. Em encontro na residência oficial, Renan disse que vai cumprir os prazos previstos no regimento interno e fez questão de exaltar que vai cumprir o papel “institucional”de Presidente do Senado.

Na mesma conversa, o peemedebista não adiantou aos presentes qual o rito que será adotado pelo Senado para apreciação do processo. Disse que só a partir de segunda-feira, 18, se o pedido passar pela Câmara, tratará do assunto.

Há uma série de dúvidas a serem dirimidas, como prazos regimentais e a forma da escolha dos integrantes da comissão especial - se por partidos ou blocos partidários. Participaram do encontro, entre outros, os líderes do governo e do PT no Senado, respectivamente, Humberto Costa (PE) e Paulo Rocha (PA) e a senadora Vanessa Grazziotin (PC do B-AM).