Correio braziliense, n. 19318, 16/04/2016. Política, p. 5

Destaque internacional

Por: INGRID BORGES

INGRID BORGES

O processo de impeachment de Dilma Rousseff está sob os holofotes da mídia estrangeira. Os jornais mais importantes do mundo, como o britânico The Guardian, o espanhol El País, o argentino Clarín e o norte-americano The Wall Street Journal têm acompanhado os caminhos da política brasileira desde que o processo de afastamento da presidente foi aberto. Ontem, um dos jornais mais importantes dos Estados Unidos, o The New York Times, publicou uma reportagem em que destacou o fato de o processo ser liderado por políticos que enfrentams acusações de corrupção, fraude eleitoral e abusos de direitos humanos. O texto foi compartilhado das redes sociais e repercutiu entre aqueles que são contra a saída de Rousseff.

A matéria “Dilma Rousseff: alvo no Brasil de legisladores que enfrentam seus próprios escândalos”, do correspondente no Brasil Simon Romero, cita o colunista da Folha de S. Paulo Mario Sergio Conti, que afirma que Dilma “pode ter cavado sua própria sepultura por não entregar o que prometeu, mas ela é viciada em uma esfera política manchada com excrementos de cima para baixo”. Segundo Conti, “ela não roubou, mas uma gangue de ladrões a está julgando”. O texto também diz que a presidente não está sofrendo o processo de impeachment devido a acusações de corrupção, mas por causa das pedaladas fiscais. “Dilma, então, é algo de uma raridade entre as principais figuras políticas do Brasil: ela não foi acusado de roubar para si mesma”.

A reportagem ainda menciona alguns parlamentares a favor do impeachment que são acusados de corrupção. O presidente da Câmara é um deles. “Eduardo Cunha, o poderoso presidente da Câmara que está conduzindo o esforço de impeachment, vai a julgamento na mais alta corte do país, o Supremo Tribunal Federal, sob a acusação de que ele embolsou tanto quanto R$ 40 milhões em subornos”. Michel Temer também apareceu. “O vice-presidente Michel Temer, que é esperado para assumir se Dilma for forçada a se afastar, foi acusado de envolvimento em um esquema de etanol à compra ilegal”. O argentino Clarín destacou o clima de tensão do país e ainda citou o “muro da vergonha”, na Esplanada dos Ministérios. De acordo com a publicação, são esperados cerca de 300 mil manifestantes amanhã.

 

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