Título: Diretrizes previstas
Autor: Alcântara, Manoela; Calcagno, Luiz
Fonte: Correio Braziliense, 10/10/2011, Cidades, p. 17

O modelo ideal, segundo o professor da Faculdade de Educação UnB Carlos Augusto de Medeiros, consta do Parecer nº 15, de 1998, do Conselho Nacional de Educação. A norma prevê as diretrizes curriculares para o ensino médio, um modelo dividido em eixos de ensino, em que as disciplinas estão relacionadas. "O problema é que seria necessário investir na qualificação interdisciplinar dos professores. O docente da área de matemática, por exemplo, deveria estar preparado para falar sobre biologia e química", exemplifica o especialista.

Uma transição semestral é apontada como solução para adequar os conteúdos e reduzir o número de repetências. Nos colégios privados, o índice elevado de aprovações deve-se à introdução diferenciada do conteúdo e ao acompanhamento do desempenho, não somente no momento da recuperação, mas ao longo do ano letivo. "As escolas particulares, normalmente, fazem um acompanhamento paralelo durante o ano. São aulas e provas no horário oposto ao turno do aluno. Quando o aluno chega à prova final, tem mais chances de saber o conteúdo", afirma a presidente do Sindicato dos Estabelecimentos Particulares de Ensino do DF, Amabile Pacios.

Harmonização Amabile ressalta ainda que as instituições de ensino devem adaptar a metodologia ao perfil de cada estudante. Os jovens que enfrentam problemas familiares ou possuem alguma necessidade especial de aprendizado, por exemplo, precisam de um acompanhamento mais próximo para superar as dificuldades e absorver os conteúdos. "Não defendo a reprovação, mas a autonomia da escola em dizer se o aluno deve avançar. Além disso, quando ele muda do ensino fundamental para o médio, precisa de um período de transição. O primeiro semestre do 1º ano, nas escolas particulares, serve para esse trabalho", explicou.

Ciente da necessidade de mudança na rede pública, a Secretaria de Educação do DF realiza, desde o início deste ano, plenárias com as diretorias regionais de ensino para definir um novo currículo para o ensino no DF. A intenção é ouvir as sugestões dos docentes até o fim de outubro e, em 2012, já contar com uma nova metodologia. "O ensino médio sofreu um grande processo de deterioração nos últimos 12 anos. O abandono e as fraudes acabaram com os laboratórios, com a estrutura física das unidades e até com o corpo de professores, pela falta de contratações. Estamos tentando melhorar isso aos poucos", garante o assessor especial do gabinete da secretaria, Clerton Oliveira Evaristo. (MA e LC)