Correio braziliense, n. 19303, 01/04/2016. Brasil, p. 8
Protestos ocorrem em 25 capitais
Gritando a frase “não vai ter golpe”, manifestantes a favor da presidente Dilma chegaram à Praça da Estação em Belo Horizonte, capital mineira, por volta das 18h. O protesto reuniu 10 mil manifestantes contra o impeachment, segundo cálculos da Polícia Militar. Os organizadores da Frente Brasil Popular e Frente Brasil sem Medo calcularam 40 mil pessoas. Entre as manifestantes, estava a professora Fátima Alves, 60 anos. Ela disse temer o retrocesso nas políticas sociais, caso a presidente Dilma saia do poder. “Estamos vivendo uma democracia plena. Não existe nada contra Dilma para que haja uma intervenção. Peço que respeitem meu voto”, disse.
O protesto, chamado “Canto pela Democracia”, contou com a presença de artistas mineiros, que fizeram shows no local. Entre os organizadores da manifestação, estavam a Central Única dos Trabalhadores (CUT), a União Nacional dos Estudantes (UNE), o Movimento dos Trabalhadores Rurais-Sem Terra (MST), todos integrantes da Frente Brasil Popular.
Em Fortaleza, capital do Ceará, os manifestantes seguiram em passeata pelo centro. Pouco antes, o líder do governo na Câmara dos Deputados, José Guimarães (PT/CE ), foi recebido no Aeroporto de Fortaleza com vaias e uma chuva de cédulas falsas de dinheiro. A ação provocou um pequeno tumulto, isso porque algumas pessoas acharam que as cédulas eram verdadeiras.
Após o incidente, Guimarães seguiu para o ato pró-Dilma, que também contou com as presenças do governador do Ceará, Camilo Santana (PT), da vice-governadora, Izolda Cela, e do ex-governador do Estado Cid Gomes (PDT). Gomes disse, ao chegar ao protesto, que a junção do PSDB com o PMDB “é muito ruim para o país”.
Em Salvador (BA), os manifestantes cantaram músicas como Cálice, de Chico Buarque e Gilberto Gil, e entoaram frases como “não vai ter golpe”. Representantes de centrais sindicais, movimentos sociais e da sociedade civil fizeram uma caminhada no centro contra o impeachment da presidenta Dilma Rousseff. Segundo a PM, 12 mil pessoas estiveram no ato.
Em Alagoas, terra do Presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB), cerca de 5 mil pessoas, segundo os organizadores, participaram do ato pró-Dilma em Maceió. A Polícia Militar de Alagoas não acompanhou a manifestação. O grupo, formado por artistas alagoanos, representantes de folguedos populares, trabalhadores rurais sem-terra e sindicalistas, se concentrou na Praça Montepio dos Artistas, no centro da cidade, diante da sede alagoana da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), que apoia a saída da Dilma Rousseff da Presidência.
Às 19h, a Polícia Militar do Rio Grande do Norte informou que 20 mil pessoas participaram do ato a favor do governo Dilma Rousseff na capital do estado, Natal. Os organizadores falaram em 35 mil pessoas.
No Sul
Em Porto Alegre, capital gaúcha, os manifestantes se reuniram na Esquina Democrática. Por volta das 21h, a Brigada Militar estimou que havia cerca de 18 mil pessoas. Para os organizadores, eram 80 mil. Os manifestantes seguiram em passeata do centro até o Largo Zumbi dos Palmares. Outros pequenos grupos se reuniram em pontos distintos durante a tarde.
Em Curitiba, terra do juiz Sérgio Moro, que lidera as investigações da Lava-Jato, também houve protesto pró-Dilma. Em Santa Catarina, nem a chuva impediu a manifestação na capital, Florianópolis. A concentração ocorreu em frente ao Mercado Público, no centro histórico da cidade. O ato batizado “Não vai ter golpe” reuniu aproximadamente 40 movimentos sociais.