Correio braziliense, n. 19320, 18/04/2016. Política, p. 3

QUIBES E ESFIRRAS NO JABURU

CRISE NA REPÚBLICA » Desde o começo do dia, Michel Temer acompanhou as articulações ao lado de Eliseu Padilha, Henrique Eduardo Alves e outros aliados. A votação, de acordo com o grupo aliado do vice, ficou dentro do esperado
Por: Guilherme Waltenberg

Guilherme Waltenberg

Especial para o Correio

 

“Oi, é o Fabinho, tô indo aí encontrar vocês. É no Palácio mesmo, né?” Foi assim que, às 22hh30, o deputado Fábio Ramalho (PMDB-MG) informou ao grupo de políticos próximos ao vice-presidente, Michel Temer, que estava indo ao Palácio do Jaburu, residência oficial do vice, cumprimentá-lo pelo resultado da votação do impeachment. O caminho foi seguido por outros parlamentares, como José Priante (PMDB-PA) e Carlos Marum (PMDB-MT). No Palácio, os deputados foram recebidos com uma mesa de salgadinhos e refrigerantes. Havia boa quantidade de esfirras, quibes e bolinhos.

Ao seu lado, acompanharam a votação os ex-ministros Eliseu Padilha (Aviação Civil) e Henrique Eduardo Alves (Turismo). Do meio para o fim do processo, o senador Romero Jucá, responsável pelas articulações de Temer no Senado, se juntou ao grupo. Tão logo os 342 votos necessários para o afastamento de Dilma foram atingidos, Jucá voltou para o Congresso onde deu uma coletiva de imprensa.

“Ele (Temer) recebeu o resultado com muita tranquilidade, muita responsabilidade”, afirmou. “O PMDB vai agora trabalhar com os outros partidos junto ao Senado exatamente para que o processo possa tramitar com tranquilidade e com responsabilidade”, prosseguiu, dizendo que o partido estava “satisfeito” com o resultado.

 

Reflexo

Quando chegou ao Palácio, Marum avaliou que o resultado da votação na Câmara foi reflexo do que ocorreu nas últimas manifestações pelo impedimento, em 13 de março. “Ela já tinha sido deposta pelas ruas e agora foi deposta pelo Congresso. Ela precisa ter a grandeza de renunciar”, disse o deputado, aliado do presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ).

O dia de Temer começou cedo e foi bastante agitado. De manhã, a partir das 9h, parlamentares se dirigiram ao Palácio do Jaburu para detalhar como estavam as expectativas de votos. Novamente, havia uma mesa repleta. De acordo com Marum, foi servido café, queijo de minas, bolo formigueiro e pão de queijo.

“Ele acordou sereno, com aquela serenidade que lhe é característica. Se fosse eu nesse dia, estaria nervoso que só”, comentou o deputado. Desde esse horário, o telefone não parou de tocar e as visitas continuaram. Além de Marum, Lúcio Vieira Lima (PMDB-BA), Baleia Rossi (PMDB-SP), Rodrigo Maia (DEM-RJ), Elmar Nascimento (DEM-BA) e Sérgio Souza (PMDB-BA) passaram pela casa de Temer. No telefone, ele atendeu ao menos outros 10 antes do almoço.

A partir das 11h30, no entanto, o horário de visitas deu lugar a um “petit comitê” formado por Padilha e Eduardo Alves e familiares de Temer. A partir do início do processo, ás 14h, o grupo ficou de olho na televisão, acompanhando o resultado. De acordo com Jucá, ficou dentro do esperado. “Esperávamos 370 votos, podendo ser uns cinco a mais ou a menos”, disse o senador. O resultado final foi de 367 votos pelo prosseguimento da ação.

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