Título: Fim da greve nos Correios
Autor: Braga, Gustavo Henrique
Fonte: Correio Braziliense, 12/10/2011, Economia, p. 10

O Tribunal Superior do Trabalho (TST) determinou que os funcionários dos Correios retornem ao trabalho amanhã, sob pena de multa diária de R$ 50 mil. Parados desde 13 de setembro, os sindicatos da categoria se recusaram a aceitar as propostas da Empresa de Correios e Telégrafos (ECT) por não concordarem com o corte do ponto. Pela decisão do tribunal, contudo, sete dos 28 dias de braços cruzados serão descontados dos vencimentos. Os 21 restantes serão compensados com horas extras não remuneradas nos fins de semana. A estimativa é que 185 milhões de correspondências deixaram de ser entregues ¿ a estatal calcula que o serviço levará sete dias para se normalizar.

Os ministros do TST definiram a recomposição da inflação de 6,87% a partir de agosto, mês que corresponde à data base da categoria, e reajuste linear de R$ 80 desde outubro. Além disso, haverá aumento do vale-refeição de R$ 23 para R$ 25 por dia, um vale extra de R$ 563,50 e um vale-cesta básica de R$ 140. Dessa forma, o tribunal manteve os pontos que haviam sido acertados entre a companhia e a Federação Nacional dos Trabalhadores em Empresas dos Correios e Similares (Fentect) em audiência no dia 4 ¿ esse acordo foi desautorizado nas assembleias. Outra tentativa infrutífera de conciliação intermediada pelo TST ocorreu no dia 7, o que levou ao dissídio julgado ontem.

"Não identifiquei, nas 6,6 mil páginas dos autos, provas de que a greve tenha tido ações abusivas por parte dos trabalhadores", declarou o relator do caso, ministro Maurício Godinho, que votou pela reposição de todos os dias parados. Já o presidente do TST, ministro João Oreste Delazen, votou pelo desconto, nos salários, de todos os 28 dias. "Houve falta de razoabilidade dos sindicatos. A solução poderia ter sido alcançada nas diversas propostas feitas pelos Correios, mas pessoas infiltradas usaram a categoria como massa de manobra para fins políticos", declarou.

O ministro Barros Levenhagen, que acompanhou o voto de Delazen, foi ainda mais duro: "O movimento sindical está podre. Se lhe foi dado o direito de greve, que o faça com seriedade". Devido à divisão de interpretações entre os ministros, a decisão considerou um termo médio, com o desconto de parte dos dias parados e a compensação dos demais.