Título: Governo comemora
Autor: Batista, Vera
Fonte: Correio Braziliense, 12/10/2011, Economia, p. 10

O governo comemorou a decisão do Tribunal Superior do Trabalho (TST) sobre a greve dos funcionários dos Correios e espera que ela sirva de exemplo para os bancários. A equipe econômica quer mostrar, principalmente para o Banco do Brasil e a Caixa Econômica Federal, que a categoria não deve sonhar com grandes reajustes acima da inflação. Ontem, a ministra do Planejamento, Orçamento e Gestão, Miriam Belchior, deixou claro que os grevistas arcarão com as consequências do movimento, seja com o corte do ponto ou com a reposição dos dias parados.

"O presidente Lula já dizia que greve não é férias", disse a ministra após audiência pública na Câmara dos Deputados. A referência ao ex-presidente não foi gratuita. Os sindicatos têm criticado sua sucessora, Dilma Rousseff, que decidiu tratar as reivindicações do funcionalismo com mais rigor, de olho no ajuste fiscal. Miriam tentou amenizar as conturbadas relações, embora boa parte do Executivo considere abusivas as paralisações das diversas categorias. "Vai ser difícil alguém de um governo do PT dizer que a greve é errada. Os grevistas exercem um direito que é deles."

Recorrendo à crise global, a ministra garantiu, entretanto, que o governo vai impor limites aos desejos das categorias, tanto do ponto de vista fiscal como para garantir o controle da inflação. Os funcionários dos Correios estavam de greve desde 13 de setembro. O movimento dos bancários começou em 27 de setembro.

Bancários pressionam A greve dos bancários promete dar mais dor de cabeça aos brasileiros. Os grevistas mantêm a paralisação e prometem ampliar o número de agências fechadas. Ontem, os sindicatos se reuniram com o Comando Nacional dos Bancários e decidiram solicitar uma audiência com à presidente Dilma Rousseff e com Murilo Portugal, presidente da Federação Nacional dos Bancos (Fenaban), para cobrar uma resposta do governo e tentar chegar a um acordo. "Na próxima sexta-feira, vamos promover um ato nacional para mostrar à sociedade os absurdos financeiros dentro do próprio governo. Além de cobrar a retomada imediata das negociações com a apresentação de uma proposta decente", disse Carlos Cordeiro, presidente da Confederação Nacional dos Trabalhadores do Ramo Financeiro (Contraf). Segundo ele, a categoria quer discutir com Dilma o papel dos bancos no Brasil. A paralisação, que completa 16 dias e é a maior em 20 anos, ultrapassou o total de 9 mil agências.