Correio braziliense, n. 19309, 07/04/2016. Política, p. 6

Jefferson: "última batalha"

Denise Rothenburg

“O presidencialismo se exauriu com esse segundo impeachment”, comenta o ex-deputado Roberto Jefferson, que ontem conversou por mais de uma hora com o vice-presidente Michel Temer, a quem aconselhou lutar pelo parlamentarismo. “Temos que viver essa experiência, porque o nosso modelo se exauriu”, afirma. Ele promete percorrer o país em prol do impeachment da presidente Dilma. “Temer é equilibrado e poderá ajudar a reunificar o Brasil. Não creio em banho de sangue nas ruas no pós-impeachment. O PT não vai querer encerrar a participação deixando uma herança de cadáveres”, comenta.

Jefferson pretende percorrer o país defendendo o inverso do que pregou em 1992, quando era o general contra o impeachment de Collor “e pesava 160 quilos!”, recorda. A conversa com Temer foi o “aquecimento” para a volta ao Congresso ontem à tarde, onde não pisava desde 14 de setembro de 2005, quando foi cassado por causa do episódio do mensalão, o qual denunciou e pelo qual terminou preso em fevereiro de 2014. Ele cumpriu pena até o mês passado, desde maio de 2015 em regime aberto. Agora, pode circular pelo país.

 

Passados 10 anos e 7 meses fora do Congresso, jura não ter mais emoção ao pisar no Parlamento. Pisar, talvez, não. Mas, ao ver a filha, a deputada Cristiane Brasil, colocar-lhe um broche de deputado na lapela, Roberto Jefferson chorou. Ele, porém, não pretende voltar ao Parlamento como deputado. A ordem é se dedicar à presidência do PTB, que reassumirá em uma semana. Não foi sequer visitar Eduardo Cunha, seu “bandido favorito”. “Se fosse, iria pedir uma foto autografada. Cunha é o pistoleiro perfeito: Com ele, vale tudo; dá tiro nas costas, rouba o banco, faz de tudo, faz o jogo que é jogado. Igual ao Lula”, diz. Acredita, porém, que a missão de Cunha está no fim: “Ele sabe que sua última batalha será a votação do impeachment. Depois, terá que tomar um rumo”.