Correio braziliense, n. 19317, 15/04/2016. Política, p. 6

Bispos defendem reforma política

Mariana Pedroza

A Confederação Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) divulgou nota ontem em que demonstra preocupação quanto às situações política e econômica do país. No texto, a entidade defende uma “autêntica e profunda” reforma política que assegure a participação efetiva da população, que favoreça a autonomia dos poderes da República, “restaurando, assim, a credibilidade das instituições e garanta os direitos sociais”. Os integrantes da entidade estão reunidos em Aparecida (SP), na 54ª Assembleia Geral da CNBB.

A carta também salienta as últimas décadas da democracia brasileira, citando os movimentos populares, organizações estudantis, operárias, artísticas, dentre outras, nas conquistas político-sociais pós-ditadura. Apesar de tais conquistas, o texto da CNBB esclarece que o Brasil passa, novamente, por uma situação desafiadora e deixa clara a preocupação com os escândalos de corrupção que vieram à tona nos últimos meses. “É verdade que escândalos dessa natureza não tiveram início agora; entretanto, o que se revela no quadro atual tem conotações próprias e impacto devastador”, diz a nota.

Questionando sobre quem paga pela corrupção no país, os bispos respondem que “certamente , são os pobres”. Além de prestar solidariedade ao povo brasileiro, a CNBB defende que as investigações da Operação Lava-Jato continuem sendo tocadas, que os acusados sejam julgados e punidos pelas instâncias competentes e que os danos sejam devidamente reparados, para que a credibilidade nas instituições seja restabelecida. “A forma como se realizam as campanhas eleitorais favorece um fisiologismo que contribui fortemente para crises como a que o país está enfrentando neste momento”, diz um trecho.

 

Sobre o processo de impeachment aberto contra a presidente Dilma Rousseff, a Conferência Nacional dos Bispos do Brasil diz acompanhar atentamente o caso e diz que espera o trabalho correto das instâncias jurídicas competentes. Sem citar nome de partidos e de políticos — com exceção de Dilma Rousseff —  a carta também deixa claro que a divisão do país também é um fator a se preocupar. “A polarização de posições ideológicas, em clima fortemente emocional, gera a perda de objetividade e pode levar a divisões e violências que ameaçam a paz social.” No fim da carta, a CNBB conclama o povo brasileiro “a preservar os altos valores da convivência democrática” e ressalta a importância do papel da imprensa de informar e formar a opinião pública.