Ricardo Brito / BRASÍLIA
Os votos para afastar a presidente Dilma Rousseff dominam as indicações feitas pelos líderes dos blocos partidários para compor a comissão do impeachment do Senado. De 42 integrantes do colegiado, entre titulares e suplentes, conforme o Placar do Impeachment publicado pelo Estado, 27 se manifestaram pelo afastamento da presidente. Ontem, dois dos quatro vice-líderes do governo no Senado, Hélio José (PMDB-DF) e Wellington Fagundes (PR-MT), anunciaram voto contra a presidente.
Até o momento, o governo só conta no colegiado com 10 votos contra o impeachment, um indeciso, três não quiseram responder e ainda há um voto em aberto - o senador José Maranhão (PMDB-PB) deixou a comissão e a quinta indicação do PMDB para a comissão está vaga. Na comissão, os suplentes só votam em caso de ausência de um dos titulares do respectivo bloco partidário.
A contabilidade se torna mais desfavorável para Dilma quando se leva em consideração apenas os titulares. Dos 21, 15 são favoráveis ao afastamento, cinco contrários e há um indeciso - uma rejeição à presidente que supera os 70%. O plenário do Senado terá de eleger a indicação de todos os integrantes da comissão, o que ocorrerá na segunda-feira, à tarde.
A expectativa é que, no dia seguinte, os trabalhos do colegiado sejam iniciados, com a eleição do peemedebista Raimundo Lira (PB) para presidente e o tucano Antonio Anastasia (PB) para relatoria. O PT tem protestado contra a indicação dele, que considera parcial (já declarou voto a favor do impeachment), e ameaça recorrer à Justiça. “Não se trata de veto. Trata-se de uma constatação. Não tem como vir, por parte de qualquer Senador do PSDB, um relatório isento”, criticou ontem Jorge Viana (PT-AC), primeiro vice-presidente do Senado. A votação do parecer na comissão deve ocorrer em 11 de maio e, no dia seguinte, no plenário.
Perda. O Palácio do Planalto deixou de contar com o voto favorável de Wellington Fagundes, titular da comissão. Ontem pela manhã, o vice-líder do governo deixou sua posição de indeciso e afirmou que votará a favor do impeachment da presidente. Segundo ele, o País está “politicamente” maduro para tomar essa decisão. Ele admitiu em encontro com Dilma recente que o “clima” no Senado é pela admissibilidade do processo, medida que levaria ao afastamento automático da presidente por 180 dias e a assunção do vice Michel Temer como presidente interino.
Se isso ocorrer, o julgamento de Dilma deve ocorrer em setembro - ela só é condenada se houver ao menos 54 dos 81 votos dos senadores contra ela. Outro vice-líder do governo, senador Hélio José (PMDB-DF), também anunciou seu voto a favor do impeachment. Suplente do colegiado, ele fez questão de ressaltar que seu compromisso “não é com as pessoas”.
Governo
O bloco liderado pelo PT no Senado só entregou ontem os nomes para a comissão do impeachment, seguindo a estratégia de adiar o começo dos trabalhos.