Título: De volta à era FHC
Autor: Rothenburg, Denise; Amado, Guilherme
Fonte: Correio Braziliense, 13/10/2011, Política, p. 6

Os tucanos tiveram maior peso político quando Fernando Henrique Cardoso foi inquilino do Palácio do Planalto. Não foi a legenda, originada a partir de uma dissidência do PMDB, que levou o então ministro da Fazenda a ser eleito, mas sim a estabilidade do Plano Real ¿ basta lembrar o desempenho pífio de Mário Covas em 1989. Desde a saída de FHC do Planalto, no entanto, os "estrategistas" tucanos acreditaram ser o partido maior do que o legado do ex-presidente. Acharam por bem não comungar da herança presidencial que os fez se diferenciar, por um momento, da massa partidária que domina a cena brasileira.

Nas últimas três eleições presidenciais, o discurso tucano não passou de palavras pouco convincentes como aumento no salário mínimo, aumento no Bolsa Família e choque de gestão ¿ muito pouco e muito distante do que o pulso da sociedade media.

Desde o início do ano, o até então escanteado FHC deu direção à nau desgovernada. Focou no discurso das descriminalização das drogas, de olho no eleitorado mais jovem. Pediu uma política de aproximação à classe média, órfã política de um partido que pudesse contemplar-lhe os anseios. Na mira, estão mulheres e trabalhadores que não se sentem mais representados por seus sindicatos ¿ e que são muitos mais do que os satisfeitos. Certamente tem mais chance de sucesso do que os discursos autistas de 2002, 2006 e 2010.